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Nosso cérebro é formado por bilhões de neurônios, que enviam e recebem mensagens na forma de sinais elétricos e estímulos químicos, promovendo a passagem de informação. Os neurônios são divididos basicamente em três partes: corpo celular, axônios e dendritos. O axônio é responsável pela transmissão dos impulsos elétricos e químicos que são recebidos pelo dendrito de outro neurônio (a chamada sinapse). Os neurônios nunca se tocam e, entre eles, existe um espaço chamado fenda sináptica.
As drogas, por serem moléculas químicas, agem exatamente sobre essa comunicação entre os neurônios, alterando a atuação dos neurotransmissores. Agora imagine versões artificiais da cocaína, da heroína e da maconha, feitas com ingredientes sintéticos, que reproduzem perfeitamente os efeitos delas – só que muito mais potente? Obviamente, os efeitos serão bem mais danosos para a saúde.
Já mostramos neste artigo que a era das drogas sintéticas já começou. Cada vez mais frequente, novas levas de substâncias psicoativas produzidas em laboratórios clandestinos surgem, causando preocupação no mundo todo.
O nbome, a maconha sintética e a flakka já são conhecidas por quem acompanha nossa página.
Aqui, vamos apresentar algumas novidades, como o pó de anjo. Quando foi criado nos anos 1950, era usado como anestésico. Mas seu uso médico foi interrompido por causar delírios e surtos psicóticos em alguns pacientes. A partir da década de 1970, tornou-se uma droga de rua. No formato de pó cristalino branco, seu consumo se dá pelo fumo, ingestão ou injeção. Em doses pequenas, o pó de anjo provoca uma sensação de embriaguez acompanhada de relaxamento, sensação de desligamento da realidade, falta de coordenação motora, dificuldade de concentração e alucinação. No corpo humano, a droga penetra nos depósitos de gordura do corpo, aumentando seu tempo de ação. Ela também altera o ritmo cardíaco e a pressão, aumentando as chances de AVC.
O krokodil é um tipo de heroína sintética. Criada para uso médico em 1932 na União Soviética, tinha o nome de desomorfina. Seu emprego recreacional começou nos anos 2000. Recebeu seu nome porque a região do corpo onde é injetada fica grossa, escurecida e esverdeada, descamando como se fosse a pele de um crocodilo. Seu uso provoca um estado profundo de letargia e relaxamento, mas seu efeito é de curta duração (cerca de duas horas), o que potencializa o consumo. No corpo, o krokodil causa danos severos aos vasos sanguíneos e tecidos dos locais onde é aplicada, provocando necrose e gangrena. Há também risco de inflamações ósseas e amputação de membros afetados.
Já a special-k é feita a partir de um medicamento anestésico usado em cavalos e em seres humanos, a quetamina. Sintetizada pela primeira vez em 1962, foi empregada na Guerra do Vietnã para aliviar a dor de feridos. Seu consumo produz uma leve sedação e pensamentos fantasiosos (como num sonho). Também diminui a atividade motora e causa alterações de humor. Usuários também relatam sensação de estar fora do próprio corpo. O abuso da substância pode levar ao aumento da temperatura corpórea com danos aos músculos, rins e fígado.
Apesar do nome ‘fofo’, o miau miau é primo da flakka – faz parte da família dos sais de banho. Produzida a partir de um estimulante de ação rápida, a mefedrona, ela costuma ser encontrada na forma de um pó branco e é vendida na internet como fertilizante de planta. Seu consumo causa a sensação equivalente à de um coquetel de cocaína com ecstasy. Há um aumento de euforia e agitação. Também podem ocorrer alucinações. Com relação à saúde, o miau miau pode causar efeitos colaterais graves, como paranoia extrema, alucinações, ataques cardíacos e surtos de esquizofrenia, especialmente se o usuário sofrer de doença mental.
Por último, mas nem por isso menos perigoso, o dob é uma substância psicoativa derivada das anfetaminas (droga estimulante do sistema nervoso central) acrescentada de um átomo de bromo. Similar ao ecstasy, é normalmente vendida em cápsulas transparentes com capacidade para 500 mg, mas que contêm apenas entre 1 e 1,5 mg da substância – daí seu apelido, “cápsula de vento”. Seu consumo proporciona alucinações visuais, auditivas e táteis, aceleração do pensamento e a chamada sinestesia, situação em que as cores têm som e os sons têm cor. Pode estimular acessos irracionais de violência. Em altas doses, o dob produz perda de memória, náuseas e espasmos musculares dos membros inferiores.
No Brasil, o surgimento de novas substâncias acompanha uma tendência mundial e tem relação direta com o custo. Segundo a Polícia Federal (PF), este tipo de tráfico teve início há pelo menos dez anos e um dos principais destinos da droga sintética é Santa Catarina, onde as substâncias são vendidas em festas noturnas.
Além do desconhecimento da ciência acerca dos danos causados por essas substâncias, as novas drogas têm outra característica em comum: seus usuários, que são principalmente os jovens, também não sabem a exata dimensão das consequências à saúde.
Fonte: Mundo Estranho/Ciência