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Em julho do ano passado, o Canadá aprovou projeto de lei que permitirá o consumo recreativo de maconha, tornando-se, assim, o maior país a legalizá-la.
Imediatamente, as empresas produtoras, que hoje atuam no ramo da cannabis medicinal, preparam-se para a abertura de um mercado que poderá movimentar mais de US$ 8 bilhões por ano. Segundo dados levantados pela consultoria Deloitte, atualmente o mercado ilegal de maconha no Canadá movimenta US$ 4 bilhões por ano. Diante destes números, o vice-presidente da Deloitte Canadá, Mark Whitmore, afirma que a cannabis está deixando de ser um mercado de nicho para se tornar um negócio relevante.
Entende-se, só por estes números, o real interesse por trás do lobby da legalização. Afinal, megainvestidores como George Soros não investiriam milhões de dólares apenas em campanhas pela liberação da erva. Veja o caso da American Grenn, fabricante americana de produtos feitos de cannabis, que comprou a pequena cidade de Nipton, no deserto da Califórnia, por cinco milhões de dólares, para transformar o local em um destino turístico para entusiastas da maconha. Para isso, a empresa pretende investir outros 2,5 milhões de dólares nos próximos 18 meses.
Os planos da American Green em Nipton – cujo território de 120 hectares corresponde a uma área menor do que o Parque do Ibirapuera, em São Paulo –, localizada a apenas uma hora de distância de Las Vegas, incluem uma fábrica produtos de maconha comestível, uma instalação em que é possível banhar-se em águas acrescidas de componentes de cannabis associados à redução de dor, e lojas de varejo. A Califórnia foi escolhida porque este ano o estado vai começar a autorizar a produção e venda da droga, cuja legalização foi aprovada num plebiscito em 2016 (como já mostramos aqui, a liberação da cannabis nos EUA não foi aprovada por médicos, o que levou Jeff Sessions, procurador-geral dos Estados Unidos, a revogar a medida do governo Obama).
Não se sabe ainda como será feita a taxação da maconha no Canadá, mas é fato que o modelo será diferente dos da Holanda e do Uruguai. Na primeira, é permitido que residentes e turistas comprem a maconha em cafeterias, mas o cultivo para consumo próprio é proibido. Já o Uruguai permite esse cultivo, mas há um controle maior do Estado, que limita o número e seleciona empresas autorizadas a produzir.
Do outro lado do planeta, no Reino Unido, de acordo com um manifesto publicado no portal oficial Lib Dems, defender a legalização da maconha nunca foi tema de saúde, mas de receitas fiscais.
Um relatório do Tesouro local, baseado em pesquisas do Instituto de Pesquisa Econômica e Social da Universidade de Essex, afirma que os benefícios anuais agregados do governo estariam entre 750 milhões e 1.05 bilhões (valores em Libras. Em Reais, estes valores se multiplicam, em média, por 4).
Entretanto, o Reino Unido enfrenta uma tendência “estabelecida” no país, segundo disse à BBC Mundo (serviço em espanhol da BBC) a Agência Nacional para o Crime (NCA, na sigla em inglês): as crianças e adolescentes escravizados para plantar maconha naquele país. Essa prática criminosa só passou a vir a público recentemente.
Segundo a NCA, métodos diferentes de coerção são utilizados para manter sob controle as pessoas traficadas: documentos confiscados, medo da polícia ou cobrança de supostas dívidas da vítima para cobrir os custos de sua viagem ao Reino Unido.
Ainda segundo dados da NCA, nos últimos cinco anos, mais de 1,3 mil vietnamitas foram identificados por autoridades britânicas como vítimas em potencial do tráfico de pessoas para trabalhos forçados, incluindo o cultivo de maconha. Mais de 500 eram menores de idade.
Fontes: Valor Econômico, BBC e Revista Veja