Um touro perigoso à saúde

Tempo de leitura: 2 minutos

No Brasil, o mercado de bebidas energéticas teve crescimento médio de 27% nos últimos anos, impulsionado em boa parte pelo consumo na vida noturna. E nos Estados Unidos, ainda de acordo com o estudo, a indústria cresceu 240% desde 2004.

Este aumento tem chamado a atenção dos médicos, pois, segundo David Hammond, pesquisador e professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de Waterloo, no Canadá, acredita-se que “esse tipo de bebida seja mais nocivo no corpo jovem”.

Inventadas na Tailândia nos anos 70, as bebidas não alcoólicas feitas com substâncias estimulantes surgiram para dar pique aos caminhoneiros. Para aguentar a sobrecarga nas estradas, os trabalhadores de Bangcoc tomavam um tônico caseiro com o nome de Kraeting Daeng (Touro Vermelho), em referência a uma espécie de bovino do sudeste da Ásia.

Dez anos depois, um empresário austríaco visitando o país experimentou a bebida, a comercializou e, assim, os energéticos, como foram batizados na Europa e nos Estados Unidos, se popularizaram rapidamente. Resultado de uma mistura de açúcar, vitaminas, guaraná, ginseng e cafeína, algumas dessas bebidas possuem mais de oito vezes a quantidade de cafeína de uma dose de café (100 mg da substância por 30 ml, contra as 12 mg de um cafezinho), a bebida hoje é usada por esportistas e trabalhadores que têm de enfrentar longuíssimas jornadas de trabalho.

Divulgado na Canadian Journal Medical Association Open, a pesquisa coordenada por Hammond sobre a ação dos energéticos no organismo do adolescente apresenta resultados impressionantes.

Conduzido com 2 055 jovens com idades entre 12 e 24 anos, o trabalho listou e qualificou os efeitos do consumo de até duas latinhas – uma quantidade inferior ao máximo que se recomenda para esse tipo de bebida (a partir de duas latas). Quatro em cada dez deles já tinham sentido sintomas, que variavam de taquicardia, dor de cabeça, problemas para dormir, vômito e diarreia.  Os sintomas estão associados à grande quantidade de estimulantes contidos nos energéticos. A cafeína é o principal deles. E em grandes quantidades.

Para piorar, como já alertamos aqui, quando o energético é tomado com álcool ainda durante a adolescência, o centro de recompensas do cérebro é alterado em nível comparado ao uso de cocaína.

 

Fonte: Revista Veja