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José Henrique nasceu em uma família tradicional da capital federal. Seu avô foi deputado estadual em Minas Gerais e procurador de Contas do Tribunal de Contas do Distrito Federal. Seu pai, arquiteto, trabalhou diretamente com Oscar Niemeyer na construção de Brasília.
Mas tudo isso não evitou que entrasse no mundo das drogas. Com histórico de alcoolismo na família, experimentou maconha pela primeira vez aos 11 anos.
Expulso de casa, mudou-se para o Rio de Janeiro. Longe da família, se envolveu ainda mais nas drogas: conheceu traficantes e entrou para organizações criminosas. Levava droga para a Europa. Em 2003, foi preso no Aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, com 15 kg de cocaína. Condenado por tráfico internacional, pegou sete anos de cadeia.
Após cumprir pena, retornou ao Distrito Federal. Com dificuldades em se sentir parte da sociedade novamente, entrou em depressão e se viciou em crack, se afundando cada vez mais. Nesta mesma época, sua esposa acabou engravidando e não aguentava vê-lo em situação de rua. E, assim como sua família havia feito no passado, ela lhe mandou escolher entre o tratamento e as drogas. José precisou escolher entre procurar ajuda ou ver sua mulher lhe deixar com sua filha ainda na barriga.
Conheceu, então, uma comunidade terapêutica que tinha um tratamento mais humanizado, sem encarceramento. Lá, durante o processo de recuperação, começou a ajudar também outros internos. Descobriu, então, sua vocação.
Em 2009, José fez um curso na Federação Brasileira de Comunidades Terapêuticas e acabou assumindo o local onde se tratou. Assim começou a Salve a Si: em uma fazenda emprestada por um advogado e situada em Cidade Ocidental, no Entorno do Distrito Federal, José, sua esposa e sua filha abrigaram 22 pessoas em situação de rua.
Hoje, após mais de 4 mil pessoas atendidas, a ONG conta com 150 voluntários que vão até as cracolândias com um caminhão levando alimentos, produtos de higiene, roupas limpas e, acima de tudo, muito carinho e palavras de encorajamento para que os dependentes consigam se livrar do vício.
Todo o trabalho é focado no tratamento humanitário, sem muros, grades. O objetivo é que os dependentes químicos em recuperação, ao saírem, não se sintam excluídos da sociedade, como aconteceu com José Henrique.
O projeto sobrevive com parcerias com o poder público e de diversas doações. A capacidade atual é para 144 internos. São aceitos apenas homens, com idades entre 18 e 60 anos.
O administrador da Salve a Si explica que, além do trabalho para vencer as drogas, a ONG oferece cursos técnicos, bolsas de estudos na federação de comunidades terapêuticas e faz trabalhos assistenciais de forma que, com o fim do tratamento, a pessoa terá uma profissão para poder seguir seu caminho inserido na sociedade.
Para conhecer mais a Salve a si, basta clicar aqui.
Fonte: G1