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Um estudo feito pela universidade King’s College London, na Inglaterra, demonstrou que fumantes acabam apresentando a doença de Alzheimer mais cedo – com uma incidência até seis vezes maior, já que o cigarro favorece esse envelhecimento precoce do cérebro. A mesma pesquisa constatou que fumantes com mais de 50 anos apresentam diversos declínios de memória.
Acontece que a seleção natural não parou. Ela continua acontecendo o tempo todo, com todas as espécies – inclusive a nossa. E, aos poucos, ela está apagando do nosso DNA os genes que causam a doença de Alzheimer e, também, os que aumentam a propensão ao tabagismo.
Esta é a conclusão da análise de 8 milhões de mutações no DNA de 215 mil seres humanos feita pela equipe do biólogo Hakhamanesh Mostafavi, da Universidade de Columbia.
A princípio, poderia se supor que pessoas que fumam mais vivem menos e têm mais problemas de saúde, o que diminui suas chances de ter filhos. Pessoas que não têm predisposição ao vício, por outro lado, tendem a ser mais saudáveis e viver mais. Entretanto, é fato que, atualmente, as pessoas só morrem por causa do cigarro muito depois do fim da idade reprodutiva ideal, o que permite ao fumante gerar muitos filhos e, assim, distribuir seus genes antes de acabar com os próprios pulmões.
O artigo científico, publicado na conceituada revista PLoS Biology, explica que a seleção natural poderia usar artifícios mais sutis para atuar. As mulheres passaram a viver longos períodos após a menopausa porque a seleção natural percebeu que avós vivas ajudam a criar os netos – o que aumenta as chances de sobrevivência de quem está duas gerações à frente. Por outro lado, um neto que perdeu os avós por causa do tabagismo ou do Alzheimer teria menos gente para criá-lo e protegê-lo, e isso diminuiria, ainda que em um nível estatístico muito difícil de perceber na prática, suas chances de sobrevivência.
Mostafavi explicou à Nature que as análises feitas por sua equipe levaram em consideração apenas pessoas que estão vivas neste exato momento. “Se uma variante genética influencia na sobrevivência, sua frequência deve mudar de acordo com a idade dos indivíduos vivos”.
Isso significa que o estudo conduzido pelo biólogo não tem como abarcar mais do que as três gerações que separam um bisneto de sua bisavó. Portanto, existe a possibilidade de que esta queda no número de genes associados a Alzheimer e tabagismo entre as pessoas vivas seja só uma flutuação momentânea, um ponto fora da curva. O ideal, porém inviável, seria selecionar milhares de famílias e segui-las por gerações à fio.
Entretanto, os resultados fazem ainda mais sentido quando recordamos que, nos homens fumantes, há uma redução na qualidade de seus espermatozoides, que podem ter má formações, dificuldades para se locomover e até mesmo serem produzidos em menor quantidade. O que diminui as taxas de fecundação. Já as mulheres podem antecipar a menopausa, ter problemas também na formação de seus óvulos ou mesmo na hora da implantação do embrião, já que o endométrio também fica danificado.
Fonte: Nature