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Apesar de os cigarros eletrônicos conterem menos substâncias cancerígenas que os cigarros convencionais, o vapor pode representar um risco maior para contrair um câncer pulmonar ou de bexiga e também desenvolver doenças cardíacas.
Esta é a conclusão de um estudo dirigido por Moon-Shong Tan, professor de medicina ambiental e patologias da universidade de Nova York e publicado nos anais da Academia Americana de Ciência (PNAS).
A pesquisa sugere que fumar cigarro eletrônico pode aumentar o risco de vários tipos de câncer e doenças cardíacas e que o vapor da nicotina pode ser mais nocivo do que se pensava.
O estudo analisou roedores que, durante 12 semanas, foram expostos ao vapor de nicotina equivalente em dose e duração a dez anos para os humanos. Ao fim do experimento, os cientistas constataram danos no DNA das células de pulmões, bexiga e coração desses animais, assim como uma redução do nível de proteínas de reparação das células nesses órgãos, diferentemente de outros ratos que respiraram ar filtrado durante o mesmo período.
Efeitos adversos similares se observaram em células humanas de pulmão e de bexiga expostas em laboratório à nicotina e a um derivado cancerígeno desta substância (nitrosamina). Estas células aumentaram significativamente as taxas de mutação tumorais.
Quando o E-cig surgiu a ideia foi vendida como um revolucionário método anti-fumo. Entretanto, isso não é consenso entre os cientistas, e, no Brasil, o aparelho nunca foi liberado pela Anvisa. Aliás, como já mostramos aqui, até a indústria do tabaco admite que “sempre vai haver algum risco”.
Para o professor de Medicina Respiratória David Thickett, do Instituto de Inflamação e Envelhecimento de Birmingham, o vapor dos cigarros eletrônicos estimula a produção de substâncias químicas inflamatórias e desativa as principais células protetoras do pulmão, deixando uma parte importante do órgão à mercê de partículas nocivas.
Para chegar a esta conclusão, David recriou o mecanismo usado nos cigarros eletrônicos. Assim como os e-cigarettes, as máquinas de teste usaram o calor produzido por baterias para vaporizar um líquido (que o fumante inala ao tragar). Normalmente, os fluidos possuem glicerina, aromatizantes e nicotina. O professor e seu grupo de cientistas também extraíram macrófagos alveolares de amostras de tecidos pulmonares fornecidas por oito pessoas não fumantes – e que nunca tiveram asma ou outras doenças pulmonares. Um terço das células foi exposto ao fluido de cigarros eletrônicos, um terço a vapor condensado e outro terço foi um grupo de controle, exposto a nada, durante 24 horas.
Resultado: o vapor condensado foi muito mais danoso às células que o líquido, com a capacidade dos macrófagos de englobar partículas claramente prejudicadas. Também foi notado um aumento na produção de substâncias inflamatórias.
Em resumo, a longo prazo o vapor do E-cig pode deixar o sistema respiratório bem mais frágil e suscetível a doenças sérias.
Assim, apesar das fábricas de cigarros eletrônicos afirmarem que eles são uma alternativa mais segura do que os produtos tradicionais de tabaco, o fato é que o cigarro eletrônico não é tão inofensivo quanto se diz por aí.
Fonte: G1