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Era final de Copa do Mundo.
Domingo à tarde, milhões de brasileiros estavam reunidos em frente à TV para assistir França e Croácia definirem quem seria a nova campeã mundial de futebol quando, já próximo do final da transmissão, o comentarista da Rede Globo Walter Casagrande aproveita a oportunidade para falar de um problema que passa longe da programação global – e televisiva, de modo geral: dependência química.
“Essa foi a Copa do Mundo mais importante da minha vida. Eu tinha a proposta de vir sóbrio, permanecer sóbrio e voltar para casa sóbrio. E eu consegui”, afirmou o ex-jogador que disputou a Copa de 1986 com a camisa da seleção brasileira que, mesmo não tendo vencido, é considerada por muitos um dos times mais talentosos da história do futebol.
A declaração, como raramente acontece na TV, parece espontânea, ingênua, dada sem ensaios, sem media trainning ainda que Casão esteja bastante acostumado aos microfones. De qualquer forma, emocionou o folclórico narrador Galvão Bueno que, após uma pausa, com olhos marejados e voz embargada parabenizou o colega de trabalho.
Casagrande é um exemplo raro de personalidade e, mais ainda, de esportista que foi capaz de admitir que tinha um problema, se reabilitar e ainda continuar com espaço na mídia. Hoje ele já lançou um livro falando sobre sua luta para superar o problema, fez uma série no Fantástico com o dr. Dráuzio Varella sobre dependência química e tem dado palestras em vários clubes para orientar jovens jogadores e evitar que histórias como a sua se repitam.
Ele, porém, passa longe de ser o único que já teve problemas sejam eles de dependência química, alcoolismo ou depressão.
Adriano “Imperador” se tornou alcoólatra e entrou em depressão depois que seu pai morreu em 2004, fato que fez o ex-jogador de 36 anos abandonar a carreira promissora para se reaproximar dos amigos e da família no Rio de Janeiro em busca de uma reabilitação que, ele afirma, está dando certo.
Cicinho se destacou no São Paulo na campanha que culminou no título mundial de 2005, alcançou a seleção brasileira e foi contratado pelo Real Madrid, na fase dos “galáticos”. Foi então que os problemas começaram a aparecer. O ex-lateral revelou que chegou a ir treinar bêbado depois de uma noite inteira bebendo e que esteve perto da morte.
Assim como eles, há inúmeros outros.
Se três caras como eles foram capazes de fazer isso mesmo estando de baixo de todos os holofotes do mundo, o que dizer sobre quem, no dia a dia, não passa nem perto de chamar tanta atenção quanto um super jogador de futebol?
Texto de Breno França, publicado originalmente na página PapodeHomem. Republicação autorizada.
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