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“Concedei-me, Senhor, a serenidade necessária para aceitar as coisas que não posso modificar, coragem para modificar as que eu posso, e sabedoria para distinguir umas das outras.”
Não recordo exatamente o dia em que fui apresentada a essa bela oração, a Oração da Serenidade, mas lembro muito bem de tê-la adorado. Nas comunidades terapêuticas de Brasília onde trabalhava como voluntária, via bem de perto o seu poder na luta diária para salvar vidas, sendo atualmente repetida milhares de vezes todos os dias ao redor do mundo em grupos de ajuda mútua. Por isso, o título do livro As sete chaves da Oração da Serenidade, da Editora Vozes, me chamou muita atenção. Mas a surpresa maior veio de fato quando vi que o autor do livro era o Roberto Mayer, um empresário do setor de tecnologia da informação que eu já tinha tido o prazer de conhecer alguns anos atrás. Mas como o Roberto teria se envolvido nisso? Qual seria o teor do livro?
O Roberto é uma dessas pessoas que logo de cara transmite uma coisa boa. De sorriso fácil, generoso e afável, parece sempre cheio de energia e revestido de autoridade por onde passa. Agora entendo melhor o porquê, ele trabalha pelo bem do próximo, escreve, dá palestras, participa de grupos de ajuda mútua, e tudo voluntariamente, mais exatamente, sem remuneração. O prefácio do livro escrito pelo aclamado Padre Haroldo Rahm não deixa dúvidas, o livro merece uma leitura atenta e um espaço na biblioteca de quem estuda ou trabalha com o comportamento humano. Sim, qualquer pessoa que careça de ferramentas para ter mais serenidade, coragem e sabedoria em sua vida. Ou seja, todos nós.
A obra é bastante eclética, passeia por diversas correntes religiosas e filosóficas – e tem a cosmovisão espírita de Allan Kardec como pano de fundo. Particularmente como evangélica protestante, ecletismos religiosos não me agradam. Porém, é legítima a necessidade de afastar as polêmicas religiosas para conduzir o leitor à essência da oração e levá-lo a usufruir dos benefícios que ela traz em situações críticas como acontece na luta contra vícios.
A estrutura do conteúdo é interessante. Roberto analisa cada uma das virtudes implícitas na oração, daí o nome do livro. As sete chaves são compostas pelas quatro virtudes mencionadas na oração (serenidade, aceitação, coragem e sabedoria), e as três palavras (força, fé e alegria) que encerram a Oração da Serenidade nas reuniões do Amor Exigente, grupo de ajuda mútua fundado pelo Padre Haroldo em apoio a familiares de dependentes químicos.
Serve bem como apoio para o trabalho de terapeutas e profissionais da saúde mental. Dada a boa pesquisa e explanação didática, contendo citações de rápida assimilação e histórias retiradas da literatura clássica internacional, facilita o trabalho do profissional ao evocar esses elementos virtuosos dentro do processo terapêutico dos pacientes e alunos. Um ótimo livro para ter e usar como referência.
Ao final, o conjunto das ferramentas que Mayer apresenta nos ajuda e amplia nossa capacidade de cooperar com Deus, nosso Poder Superior, na medida em que Ele nos concede diariamente mais serenidade, coragem e sabedoria.
RACHEL HERINGER SALLES é administradora especializada em gestão pública e gestão de recursos humanos. Atual responsável técnica do Plano Estratégico da Saúde do Distrito Federal, é executiva no grupo Intelit Smart Group. Ama dedicar-se ao terceiro setor de modo geral, em especial sua igreja e tudo relacionado à drogadição.