Fé, drogas e rock’n roll

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Início de Ano Novo e a experiência se repete: muitas pessoas se agarram à fé, renovando a esperança em dias melhores, em todos os sentidos. Apesar de se tratar de uma formalidade, cuja única mudança real é a do calendário, já que a vida segue seu fluxo e despertamos no primeiro dia do novo ano exatamente com as mesmas situações, vivências e problemas que nos seguiram no ano anterior, por que, então, insistimos nesta mística do réveillon?

De acordo com um estudo publicado na revista científica Neuroscience social, a resposta está na ação que a fé realiza no circuito de recompensa do cérebro. Esta área é a mesma ativada pelo amor, pelo sexo, pelos jogos de azar, pela música e, até, pelas drogas.

Os pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Utah (EUA), realizaram o experimento com um grupo de participantes que tinham maior probabilidade de experimentar sentimentos espirituais reconhecíveis em um ambiente controlado. Nesse período, seus cérebros foram escaneados por um equipamento de ressonância magnética que revelou que os sentimentos espirituais ativaram a região responsável pelo processamento dos circuitos de recompensa conhecida como núcleo accumbens.

Outra área ativada pela experiência espiritual foi o estriado, uma região que já tinha sido associada com a prática em estudos anteriores. Também houve aumento na frequência cardíaca e da intensidade da respiração, devido aos picos de sentimentos que os participantes experenciaram.

O somatório destes resultados comprovam, portanto, que as experiências religiosas e espirituais ativam os mesmos circuitos de recompensa do cérebro que o amor, o sexo, o jogo, a música e as drogas.

Além dos circuitos de recompensa, os pesquisadores notaram que os sentimentos espirituais também estão associados ao córtex pré-frontal medial, área complexa que é ativada por tarefas de avaliação e julgamento de raciocínio moral. Essas sensações religiosas também ativaram regiões do cérebro ligadas à concentração.

Para Jeff Anderson,  neurorradiologista e autor do estudo, entender como a experiência religiosa acontece no cérebro é “realmente importante”, já que provavelmente esta seja “a parte mais influente de como as pessoas tomam decisões” – e, assim, entender isso contribuirá em tais decisões que, de certa forma, afetam a todos nós, tanto para o bem (no caso da fé) quanto para o mal (no caso das drogas).

 

Fonte: Revista Veja