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Uma das questões que mais tem preocupado os educadores, os professores, os pais e os grupos que trabalham com jovens nos dias de hoje, é a forma como eles estão tentando resolver problemas e crises em todos os aspectos: familiar, social, profissional e pessoal.
Essa geração tem mostrado uma aparente maturidade, que não é real. O fato de aprenderem mais rápido, terem acesso a informações que há vinte anos nem imaginávamos, não quer dizer que tenham condição individual de administrarem conflitos.
Muitos jovens, diante de uma sociedade caótica, não têm conseguido tomar decisões e elaborar propostas de vida coerentes e positivas. Sociedade esta, quero dizer, confusa nas relações sociais que estabelece: famílias permissivas, grupos de amigos perversos e fúteis e uma rede profissional muito competitiva. Muitos ligados às questões materiais, onde valores morais estão se perdendo. Ter tem sido mais importante do que ser. A noção de respeito, valorização pessoal e até do amor, tem ficado em segundo plano.
E então nesse meio social competitivo, superficial e sem regras, vem a frustração de forma arrasadora. A maioria dos nossos jovens não tem tido capacidade emocional e nem posicionamento cognitivo para passar por essas frustrações, e vão compensando de forma cada vez mais inadequada. Nesse momento que aparecem as drogas, o desrespeito (bullying, preconceito) e assim começam a passar por cima dos outros a qualquer custo. Transformam-se então em pessoas perdidas e infelizes.
Temos que ajudá-los, desde pequenos, a terem segurança, autonomia, noção do próximo e valores de forma geral, para que possam passar por essas situações com mais tranquilidade.
Mostrar que em nosso mundo temos regras e limites e que é de extrema importância na construção da segurança interna de uma pessoa.
Precisamos ajudá-los na percepção de seus sentimentos e de suas capacidades, pois necessitam de ajuda para identificar e resolver problemas. Precisamos proporcionar a vivência de situações, participando de organizações domésticas e sociais e incentivando a autonomia e as tomadas de decisões e de atitudes.
Precisamos estimular a construção de desejos e objetivos de vida, que possam motivar sempre esta pessoa, e que assim estes aspectos não permitam que as crises façam o jovem optar por resoluções rápidas e, muitas vezes negativas, inconsequentes e sem volta.
Ainda é tempo e é possível
Quando viemos para a associação, alguns de nós dissemos que não sabíamos se éramos ou não dependentes. Sabíamos que éramos infelizes e que bebíamos e consumíamos drogas demais. Mas não tínhamos decidido se éramos infelizes porque consumíamos entorpecentes demais ou se consumíamos entorpecentes demais porque éramos infelizes.
Sugeriram-nos que tentássemos mudar o padrão, parando de consumir drogas e seguindo os Doze Passos para ver se nossas vidas não mudavam. Mudaram! Viemos a acreditar que não existe problema que um gole, uma dose de entorpecente ou uma pílula não piorem e não possam ser evitadas.
Estou convencido de que a abstinência é o único caminho?
“Senhor, ajuda-me a transmitir esta mensagem: se simplesmente não tomarmos um gole, uma pílula ou uma dose de entorpecente, nossas vidas mudarão para melhor.”
PADRE HAROLDO J. RAHM, sj, fundou em 1978 a Associação Promocional Oração e Trabalho (APOT), hoje Instituto Padre Haroldo, em Campinas, SP, sendo seu presidente emérito. Criou o Movimento de Liderança Cristã (TLC) e iniciou o movimento Amor-Exigente e os cursos de yoga cristã. Cofundador da FEBRACT e da Pastoral da Sobriedade.