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Já sabemos que o álcool aumenta a vontade comer. Agora, uma pesquisa feita pelo Centro Médico da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, mostra que até mesmo pessoas submetidas à cirurgia bariátrica, popularmente conhecida como “cirurgia para redução de estômago”, têm maior risco de se tornarem dependentes de álcool.
Isso porque a cirurgia reduz o tamanho do estômago e direciona os alimentos para uma área do intestino que absorve menos nutriente e calorias. Pesquisas anteriores já haviam mostrado que quem faz essa cirurgia passa a metabolizar o álcool de forma diferente, sentindo-se alterado mais rapidamente e levando mais tempo para retornar à sobriedade. Com a alteração da fisiologia do aparelho digestivo, a substância passa direto para o intestino e é absorvida mais rapidamente, além de demorar mais tempo para ser eliminada.
O estudo, publicado no Journal of the American Medical Association, envolveu cerca de dois mil pacientes que fariam uma cirurgia bariátrica. Eles foram acompanhados antes do procedimento e dois anos após a operação. Todos preencheram uma pesquisa desenvolvida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para identificar sintomas de abuso de álcool.
Os pesquisadores descobriram que 7,6% dos pacientes tinham problemas com álcool antes da cirurgia. Dois anos após a operação, a taxa de alcoolismo subiu para 9,6%. Os pacientes relataram maior frequência de sintomas como necessidade de beber de manhã, perda de memória e sentimento de culpa. O consumo de álcool também aumentou entre os pacientes no segundo ano após a operação, comparado com o pré-operatório e com o primeiro ano.
De acordo com os autores, esse é o primeiro estudo a mostrar que o aumento da sensibilidade ao álcool pode levar a um aumento no risco de dependência e abuso da bebida. Os especialistas afirmam que o fato de o álcool ser absorvido mais rapidamente pode torná-lo também mais viciante.
O Brasil é considerado o segundo em número de cirurgias bariátricas, e as mulheres representam 76% dos pacientes. O sobrepeso é constatado quando o Índice de Massa Corporal (IMC) é de 25 até 29,9. Com o IMC a partir de 30, a pessoa é considerada obesa. O IMC é calculado dividindo o peso pela altura elevada ao quadrado.
Com um crescimento proporcional à epidemia de obesidade no Brasil, o procedimento costuma ser bem-sucedido na grande maioria dos casos, mas traz ao paciente uma nova realidade de vida, para a qual ele nem sempre está preparado: cerca de 19% delas desenvolvem o chamado “transtorno de uso de álcool”. No país, a questão começou a chamar a atenção dos médicos em 2012, quando começaram a ser feitos alguns trabalhos para tentar medir o alcance do problema.
Para os que passaram pela cirurgia bariátrica, beber em excesso tem como consequência também a contribuição para o reganho de peso, problema que atinge 25% dos pacientes.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), beber moderadamente é não tomar mais do que duas doses por dia, duas vezes por semana. O uso de álcool é o terceiro maior fator de risco para morte prematura, incapacitação e perda de saúde no mundo, segundo a entidade.
Fonte: VivaBem Uol