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Tão certo quanto prometer parar de fumar é não cumprir tal promessa.
Autora do livro “Cigarro – como romper esse legado“, a psicóloga e escritora Juliana Bilachi tem dicas valiosas para que a decisão de parar de fumar não se transforme em mais um plano deixado de lado. Anos de experiência com pacientes, pesquisas, palestras e participação em congressos e debates a credenciam a fazer essa resolução sair do papel.
Segundo ela, a decisão de parar de fumar faz com que o fumante precise abrir mão de algumas situações prazerosas e comuns que o levam a fumar no dia-a-dia. “O dependente não necessita abrir mão de tudo de uma só vez, o que ele necessita, na realidade, é identificar quais são circunstâncias que o conduzem ao cigarro e, então, deixar de realizar uma, duas ou mais dessas condições e se empenhar rumo ao objetivo desejado. É essencial que o fumante não regrida com relação à escolha feita, mesmo que demore um tempo para se adaptar”, diz.
Um dos casos clássicos está relacionado a fumar dirigindo. Se o dependente optar por não fumar dentro do carro, é muito importante que se comprometa com a escolha feita e direcione suas forças para não voltar a fumar dentro da sua ou de qualquer outra condução. Outra dica importante é contar sobre o processo da interrupção do tabagismo somente para pessoas, independente do grau de parentesco, que irão apoiá-lo emocional e moralmente, manter-se em silêncio e ter discrição quanto aos planos e objetivos, pois uma crítica negativa pode deixá-lo vulnerável à irritabilidade, ao nervosismo e à ansiedade. Também é fundamental aceitar os desconfortos que aparecerão durante o desenvolvimento desta transformação e deixar a dor da ausência vir e ir de modo consciente. Além de desmistificar as crenças e os mitos inseridos na relação dependente-cigarro.
“Não há uma regra quanto ao parar de fumar. Existem pessoas que param de fumar de uma só vez, outras diminuem progressivamente a quantidade de cigarros e outras não planejam a maneira da interrupção e acabam parando de uma forma ou de outra”, afirma.
Para a psicóloga, recursos como medicamentos, adesivos e gomas de mascar podem ser utilizados, mas é preciso tomar cuidado com a fase em que são usados. De acordo com Juliana, o fumante passa por fases no processo de abandono do tabagismo. Mais de 80% dos que procuram ajuda terapêutica passaram da fase de pré-contemplação para a de contemplação, quando realmente sentem que são dependentes do cigarro.
“A fase de contemplação é caracterizada pela oscilação entre o medo e a coragem de parar de fumar”, explica. A coragem está conectada com a autoconfiança, o otimismo, a determinação, o autocontrole e a pulsão da vida. Na fase de ação, terceira fase, o fumante estabelece o parar de fumar como principal prioridade em sua vida.
É nessa fase, a da ação, que recursos como medicamentos e adesivos podem ser usados. Se forem usados na fase de contemplação, a probabilidade de regressão no tratamento é grande.
“Isso porque o fumante deposita toda a confiança e expectativa no recurso terapêutico e não se legitima como o principal responsável por esse processo”, explica.
Há também os fumantes que não precisam desse tipo de recurso, mas apenas de acompanhamento psicológico, grupos de apoio e apoio familiar e social. Cabe a cada pessoa escolher a maneira mais apropriada, considerando aspectos internos, como a vontade, determinação, coragem e autoconhecimento.
Já na quarta fase, a de manutenção, o ex-fumante constata que consegue viver sem o cigarro, sente a saúde melhorar e enxerga ganhos inclusive na produtividade profissional e nos relacionamentos pessoais.
“A autoestima, a autoconfiança, o sentimento de coragem e o respeito próprio aumentam dia após dia”, conclui.
Fonte: DNA Digital