Tempo de leitura: 2 minutos
Como já mostramos nesta matéria, da mesma forma que a constituição genética leva as pessoas a terem olhos azuis ou castanhos, podem também levá-las a se tornarem dependentes. Mas a questão genética não atua apenas como vilã, nesta história.
Você, provavelmente, já ouviu falar sobre um fumante inveterado que voltou do médico dizendo que “meus pulmões estão limpos como os de uma criança” ou algo do tipo. Isto realmente acontece, ainda que seja muito raro, porém a ciência nunca soube explicar o motivo exato. Mas, em um estudo publicado nesta segunda-feira, uma equipe de cientistas descobriu por que alguns poucos fumantes têm pulmões saudáveis, mesmo após um longo tempo de vida consumindo cigarro.
De acordo com os resultados de uma análise de dados de mais de 50.000 pessoas, mutações favoráveis no DNA de algumas pessoas melhora as funções pulmonares, o que disfarça os efeitos mortais do hábito de fumar.
Os cientistas do Conselho de Pesquisas Médicas, no Reino Unido, analisaram uma quantidade enorme de indicadores de saúde e genéticos de voluntários para projeto Biobank. Eles se concentraram na Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), que leva a falta de ar, tosse e repetidas infecções pulmonares.
Ao comparar fumantes e não fumantes, bem como aqueles com e sem a doença, eles descobriram seções do nosso DNA que reduzem o risco de DPOC. Assim, os fumantes com “bons genes” tiveram um menor risco de DPOC do que aqueles com “maus genes”.
A equipe descobriu seis variantes genéticas independentes associadas com saúde do pulmão e DPOC. Os estudiosos também encontraram variações genéticas associadas à DPOC em pessoas que nunca fumaram. Um destes novos sinais é o primeiro exemplo de variação estrutural do genoma humano que afeta a saúde do pulmão.
A equipe descobriu que o número de cópias de sequência duplicada do genoma no cromossomo 17 foi associado com a saúde do pulmão em fumantes pesados e também em pessoas que nunca fumaram. Este e outros achados do estudo, apontam para possíveis efeitos generalizados sobre a regulação de genes e, por sua vez, sobre a produção de proteína.
Importantes para a prevenção de DPOC e outras doenças relacionadas com o tabagismo, cinco variantes genéticas independentes foram descobertas, que foram associadas ao tabagismo pesado.
Os autores dizem que estes resultados ajudarão a definir a predisposição para o desenvolvimento de DPOC e de comportamentos tabagistas. A plena compreensão dos mecanismos biológicos subjacentes a essas associações genéticas permitirá melhorar a compreensão da fisiopatologia da DPOC e dos hábitos tabágicos, potencialmente dando origem a novas estratégias terapêuticas para o tratamento da doença das vias aéreas e prevenção da dependência da nicotina.
Fonte: O Globo