Buzina: de brinquedo a droga

Tempo de leitura: 2 minutos

O caso da estudante de direito Maria Luiza Perez Perassolo, de 18 anos, que morreu depois de inalar gás de buzina em São José do Rio Preto, interior de São Paulo, em uma festa com amigos no condomínio onde morava, chamou a atenção não apenas pelo uso inusitado do que deveria ser um tipo de brinquedo como droga, mas, também, por não ser o primeiro caso fatal deste tipo de prática.

Em fevereiro deste ano, um estudante de medicina de 33 anos morreu em Fernandópolis, na mesma região, também em decorrência do gás de buzina, junto com a ingestão de bebidas alcoólicas. Em janeiro, em Rio Preto, uma estudante de 17 anos teve parada cardíaca após inalar o gás, mas se recuperou depois de passar dez dias numa unidade de terapia intensiva.

Ao contrário do que possa parecer, tal situação não é nova.

Popular entre os jovens, a prática de inalar gás de buzina já contava com comunidades de exaltação em sites de relacionamento como o finado Orkut desde 2008. Por causa disso, um projeto de lei para proibir a venda dessas buzinas tramita desde março daquele ano no Congresso Nacional, mas nada foi feito até o momento.

Cada vez mais jovens e adolescentes não se preocupam com as consequências de inalar o gás. Segundo médicos e especialistas, a inalação do propano, misturado a outras substâncias alcoólicas, é perigosíssimo e pode causar morte facilmente.

Além do propano, o gás de buzina é composto por butano, derivados de petróleo, e é tóxico. O produto, também encontrado em isqueiros e sistemas de refrigeração de geladeiras e aparelhos de ar-condicionado, afeta o sistema nervoso central, podendo causar alucinações, desmaio, convulsão e infarto.

O toxicologista Sérgio Graff, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), acredita que a buzina deve conter outra substância, como solvente, que potencializa o efeito alucinógeno do propano. Para coibir o uso, o médico sugere que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) obrigue os fabricantes a adicionar um desnaturante no frasco, uma substância com intenso odor.

A sequência de casos em São José do Rio Preto levou o vereador Paulo Paulêra (PP) a propor na Câmara local, a proibição na venda, distribuição e uso de buzinas a gás. O projeto, apresentado em janeiro deste ano e ainda não votado pelos vereadores, prevê multa de 5.000 reais aos infratores.

Por enquanto, o produto é facilmente encontrado, inclusive na internet, e custa, em média, R$ 10,00.

 

Fonte: Agência Estado