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Se a vida é uma caixinha de surpresas, como nos lembra aquele personagem humorístico, a vida de jornalista é uma caixinha de Pandora. Para quem não ligou o nome à pessoa, na mitologia grega Pandora foi a primeira mulher criada por Hefesto sob as ordens de Zeus. Antes de enviá-la à Terra, Zeus entregou-lhe uma caixa, recomendando que ela jamais fosse aberta pois dentro dela os deuses haviam colocado um arsenal de desgraças para o homem, como a discórdia, a guerra e todas as doenças do corpo e da mente. E um único dom: a esperança.
Claro que, vencida pela curiosidade, Pandora acabou abrindo a caixa liberando todos os males no mundo, mas a fechou antes que a esperança pudesse sair.
Assim, o jornalista está sempre diante de notícias que podem salvar o dia – mas também acabar com as esperanças de alguém.
Com um jornalista de setor segmentado como este, o Para Entender, que trata de dependência química, está sempre recebendo caixinhas de Pandora. Afinal, estamos sempre alertando sobre os malefícios causados pelas drogas, legais e ilegais. Também alertamos sobre a delicada questão da legalização.
A maconha, por exemplo. Já escrevemos diversos artigos alertando que a liberação da maconha é “uma aventura” que “pode custar muitas vidas”, conforme escreveu o jornalista Carlos Alberto Di Franco neste artigo.
Porém, diariamente, novas notícias chegam mostrando a glamourização da droga.
É o caso de empresas nos Estados Unidos que estão se especializando em serviços voltados aos casais consumidores de cannabis. Isso mesmo: festas de casamento que oferecem maconha aos convidados.
As empresas disponibilizam todos os detalhes – do buquê da noiva à decoração –, tudo feito com maconha, incluindo o fornecimento de cigarros de maconha aos convidados com ervas especialmente selecionadas.
A demanda está tão grande que já existe uma feira especialmente voltada ao segmento.
Mas isso nem é novidade. Na Jamaica (alguma surpresa?) é possível realizar os chamados “casamentos canábicos” totalmente dentro da lei.
E agora responda rápido: ficou alarmado? Já pensou nas consequências de um pós-festa de casamento onde todos estão chapados de erva? Não é preocupante isso? Agora pense: e no Brasil, em que os casamentos são regados a bebidas alcoólicas?
Pois é – todo dia, uma nova caixinha de Pandora…
Fonte: The New York Times