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O álcool é considerado a única droga comum a todas as civilizações. Segundo historiadores, é provável que a fabricação de vinho de uva tenha começado provavelmente no período Neolítico, 8.500 anos antes de Cristo.
Já a cerveja surgiu há uns 1.500 anos antes de Cristo. Com um microscópio eletrônico, arqueólogos da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, descobriram que os egípcios usavam malte para produzir açúcar usado na fermentação. Em outras palavras: conheciam técnicas de cervejaria. Os egípcios obtinham seu malte a partir de cevada. Só que em vez de adicionar lúpulo, como se faz hoje, eles acrescentavam um tipo raro de trigo. Ao repetir a receita, os pesquisadores descobriram uma boa cerveja. Sem o amargo do lúpulo, a mistura ganhava um sabor doce e frutado de cor dourada, porém menos transparente que as atuais.
De lá para cá a cerveja progrediu. A novidade está em que, com os novos conhecimentos, a indústria promete melhores condições para se desfrutar da bebida. Quer dizer, ao invés de ser dominado por efeitos indesejáveis e imprevisíveis, o apreciador de cerveja terá a chance de usar o álcool na justa e moderada proporção.
Para isso, a indústria tem lançado mão dos chamados ‘adjuntos’ – qualquer fonte de açúcar fermentável (ou seja, que se transforma em álcool) fora o malte. Pode ser milho, pode ser arroz, pode ser mandioca, pode ser até mesmo a cevada não maltada. E pode ser leite. Ou, ainda, bactérias vaginais.
No caso do leite, a cervejaria Urbana lançou a Teta, a primeira “milk beer” do Brasil. Chama milk, mas não tem leite. É de cervejaria, mas, pela legislação, não é considerada cerveja. A bebida leva lactose, o açúcar do leite, porque a lactose não é fermentada pelas leveduras da cerveja, não é consumida e, sendo assim, fica presente até o final, garantindo doçura e corpo.
Parece exótico? Então se prepare para conhecer a Bottled Instinct, uma cerveja produzida com as bactérias vaginais de uma mulher. No caso, a modelo Alexandra Brendlov, famosa na República Tcheca – cuja foto ilustra este artigo. A empresa The Order of Yoni’s afirma ter utilizado técnicas avançadas de microbiologia para isolar e preparar bactérias produtoras de ácido láctico a partir do corpo de Brendlov. Esses lactobacilos então transferiram todas as características femininas para a cerveja.
A novidade foi recebida com certo ceticismo tanto quanto o novo tipo de álcool sintético descoberto por David Nutt, um cientista britânico que afirma que sua substância, batizada de alcosynth, irá permitir bebedeiras sem ressacas e sem danificar o fígado e o coração.
Como já mostramos aqui, a atual legislação aplica restrição à publicidade de bebidas com teor alcoólico superior a 13 graus Gay-Lussac. Desta forma, a cerveja fica de fora, o que contribui para o consumo indevido desta bebida por crianças e adolescentes.
Afinal, cerveja, seja de milho, leite ou vagina, ainda tem álcool. E vicia.
Fontes: Jornal Ciência & Estadão