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Não se sabe se por falta de argumento, ou por pura provocação, toda vez que alguém se coloca contra a legalização da maconha, logo se ouve a comparação: mas o álcool é mais perigoso e é liberado.
Será mesmo?
Em comparação com medicamentos ou outros produtos de consumo, a avaliação do risco de abuso de drogas caracterizou-se como deficiente – muito disso é baseado na atribuição histórica e no raciocínio emotivo.
Os dados disponíveis são muitas vezes uma questão de suposições educadas, complementadas por alguns dados de pesquisa razoavelmente confiáveis dos países desenvolvidos. Somente na última década, houve algumas abordagens para classificar qualitativa e quantitativamente o risco de abuso de drogas. Esses esforços tentaram superar as classificações legislativas, que muitas vezes se descobriram que não possuem base científica.
O UNODC (Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime) sugeriu o estabelecimento de um chamado Índice de Drogas Ilícitas (IDI), que continha uma combinação de um índice de dose (a relação entre a dose típica e uma dose letal) e um índice de toxicologia (níveis de concentração no sangue de pessoas que morreram de overdose em comparação com os níveis de concentração em pessoas que receberam o medicamento para uso terapêutico).
Apesar dos esforços iniciais para avaliações de risco baseadas em toxicologia, os métodos mais comuns ainda são baseados em classificações de especialistas e indicadores de danos, como toxicidade aguda e crônica, potência viciante e danos sociais.
Especialistas apontam que o problema também pode ter sido a nomenclatura aplicada em estudos anteriores, misturando “risco” como “dano”. Na avaliação de risco químico e toxicológico, o termo “dano” não é tipicamente usado, enquanto o perigo é a propriedade inerente de um agente ou situação com o potencial de causar efeitos adversos quando um organismo, sistema ou (sub) população é exposto a esse agente. O risco é definido como “a probabilidade de um efeito adverso em um organismo, sistema ou (sub) população causada em circunstâncias específicas por exposição a um agente”.
Uma nova metodologia de avaliação de risco, o Margin of Exposure (MOE na sigla em inglês e “Margem de Exposição”, em tradução livre), é uma abordagem inovadora adotada na Europa para comparar o risco de saúde de diferentes compostos e priorizar ações de gerenciamento de riscos. O MOE é definido como a relação entre o ponto da curva de resposta à dose, que caracteriza os efeitos adversos em estudos epidemiológicos ou em animais (a denominada dose de referência (DMO)) e a ingestão humana estimada do mesmo composto. Claramente, quanto menor o MOE, maior o risco para os seres humanos.
Assim, se não é muito simples afirmar, por exemplo, qual o mais prejudicial pra saúde: álcool ou maconha, fazer uma avaliação de riscos potenciais comparativos entre ambas é possível e necessário. E é o que você vai conferir no vídeo abaixo:
Fontes: ScienceBlogs & Scientific Reports