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O diagnóstico tardio de câncer de pulmão não é o único fator que torna a doença altamente letal. Há cerca de 20 tipos deste tipo de câncer, mas o SUS só tem remédio específico para um deles, o tipo EGRF, que é o mais comum. A afirmação é do oncologista Carlos Gil Ferreira, especilista em câncer de pulmão, que, mês passado, após 14 anos no Inca, trocou o setor público pelo privado. Para Carlos Gil, é preciso mais investimento em pesquisas sobre a doença, estudos capaz de elaborar drogas eficientes. As declarações foram dadas durante o III Congresso Internacional Oncologia D’Or, no Rio. A corrida é contra o tempo. A estimativa do Ministério da Saúde é que, este ano, somente no Rio, serão diagnosticados cerca de três mil novos casos de câncer de traqueia, brônquio e pulmão.
– O Brasil não consegue nem identificar, nem tratar os tipos de câncer – dispara.
Um dado da Rede Nacional de Pesquisa Clínica em Câncer, do Ministério da Saúde, aponta que, em 2013, menos de 20% dos pacientes brasileiros passaram por exames para detectar o tipo de adenocarcinoma (o tumor maligno). Hoje, segundo Carlos Gil, menos de 30% tiveram essa chance.
– Nos EUA, o médico que não fizer este diagnóstico pode ser processado por erro médico. No Brasil, em geral, os pacientes recebem um tratamento que, dependendo do tipo de câncer, não é eficiente. Ele acaba tendo um tempo de vida um pouco maior do que a pessoa que não trata a doença. Mas quando o tratamento é específico para aquele tipo de câncer, a expectativa de vida do paciente chega a dobrar. É a medicina personalizada. O Brasil precisa investir em pesquisa e em prevenção – critica o especialista.
São cerca de 20 tipos de adenocarcinoma. Hoje, no mundo, para 10 ou 12 deles há um remédio específico. No entanto, segundo o médico, que foi diretor de pesquisa clínica do Instituto Nacional do Câncer (Inca), apenas um deles é usado no Brasil, ou melhor, nos hospitais de referência, como Inca, Hospital de Barretos e Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp).
– A realidade do SUS hoje é que ele tem problemas para diagnosticar os tipos e não tem a droga específica para tratá-los. O Brasil perdeu o bonde do dignóstico molecular – afirma Gil, que, atualmente, é coordenador insitucional da Oncologia D’Or.
Gil acredita que o surgimento de associações de pacientes ajudaria a pressionar o SUS, que atende 75% da população brasileira, a investir mais em pesquisas.
– É como acontece nos países desenvolvidos. É um trabalho em conjunto entre essas associações, o SUS, os laboratórios. O Brasil tem hoje um gap (atraso) de 10 anos em medicamento oncológico.
No estado do Rio, o Inca é o principal hospital para tratamento de câncer. No entanto, a Central Estadual de Regulação encaminha pacientes para consultas e tratamento de radioterapia e oncologia em outras 25 unidades, em 11 municípios fluminenses.
Fonte: O Globo