A deterioração da desconexa política pública sobre drogas

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A atual Política Pública sobre Drogas no Brasil é arcaica e necessita urgentemente de ajustes, adequações e diretrizes quanto ao procedimento hermenêutico de redução de danos para a sua aplicabilidade, precisamos encerrar esta submissão ao ritmo das drogas e focarmos no viés do indivíduo e de uma total autonomia municipal.

A irracionalidade técnica de programas como o “Vamos enterrar o Crack”, “Nocauteando o Crack”, “Crack: é possível vencer”, “Drogas Não” entre outros e a dualidade ideológica daqueles que são favoráveis a Legalização de Todas as Drogas frente ao proibicionismo excludente e estigmatizante do modelo repressivo fragmenta o elo mais fraco neste contexto social… o dependente químico e sua família. Aqueles que pensam que com a liberação de todas as drogas o tráfico irá acabar, ou tem uma irrefletida ignorância das pesquisas que relatam justamente o contrário, ou tem algum distúrbio atemporal de admiração à drogas. Tampouco o modelo proibicionista moral que foca no usuário e/ou dependente químico, sem disponibilizar ambientes saudáveis de tratamento como alternativas para a sua recuperação, produz resultados, no mínimo, satisfatórios.

Essa profusão expressa de uma normalidade tresloucada onde o uso de drogas, lícitas ou ilícitas, em qualquer lugar comum, bem como a insensatez ignorante de não nos espantarmos mais com a morte de crianças e adolescentes, decorrentes da narco-mercância, como algo corriqueiro do dia a dia, é o maior sintoma de uma sociedade doente, onde o supérfluo prevalece sobre o imprescindível e a insensibilidade dos sentimentos sobrepuja a solidariedade e a compreensão de nos colocarmos no lugar do outro.

Essa pretensiosa Política Pública da superlativa desinformação sobre a realidade do fenômeno das drogas precisa ser revogada já, o modelo precisa ser revisto, regulado e harmonizado com a Saúde e o Desenvolvimento Social. A PREVENÇÃO e o TRATAMENTO devem ser o propósito principal ante a negligência para com os dependentes químicos em proveito de escusas estratégias em planos de políticas públicas projetadas em salas de reuniões distantes da real situação de vulnerabilidade dos dependentes químicos.

 

perfil 3PITI HAUER é advogado com formação pela UFPr e habilitação específica em Ciências Penais, especializando-se em Dependência Química na UNIFESP; Membro do Conselho Estadual de Políticas Públicas sobre Drogas no Paraná, Colunista do Paraná Portal – “Vamos falar sobre Drogas?”, Conselheiro da COMPACTA (Comunidades Terapêuticas Associadas de Curitiba e região metropolitana) e com Curso de Extensão ao Crack: Tratamento e Políticas Públicas pela UNIAD.