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Já ressaltamos que as mulheres enfrentam riscos particulares à saúde por uso de álcool, sendo mais vulneráveis aos efeitos dessa substância devido a diferenças na composição biológica entre os gêneros. Isso porque, em comparação aos homens, elas têm relativamente menos água (o que faz com que o álcool fique mais concentrado), geralmente pesam menos e possuem níveis menores de enzimas responsáveis pelo metabolismo do álcool.
Novas pesquisas vem corroborar este delicado equilíbrio entre o consumo de álcool e a saúde feminina.
Dieta, nutrição, atividade física e câncer de mama foram sistematicamente relacionados e avaliados por um grande estudo do Instituto Americano para Pesquisa de Câncer (AICR, na sigla em inglês) e do Fundo Mundial para Pesquisa de Câncer (WCRF, na sigla em inglês).
Desde 2010, os pesquisadores revisaram 119 estudos, incluindo dados de 12 milhões de mulheres e 260 mil casos de câncer de mama e encontraram fortes indícios de que beber o equivalente a um pequeno copo de vinho ou de cerveja por dia aumenta o risco de câncer de mama pré-menopáusico em 5% e o risco de câncer de mama pós-menopausa em 9%. Entretanto, com o exercício vigoroso, as mulheres pré-menopáusicas tinham um risco diminuído em 17% e as mulheres na pós-menopausa reduziam o risco em 10% na comparação com as menos ativas.
Quando o assunto é diabetes relacionada ao consumo de bebida, o alerta vem de duas universidades: a de Umeå, na Suécia, onde pesquisadores acompanharam 897 pessoas dos 16 aos 43 anos, e a Universidade do Sul da Dinamarca, onde cientistas monitoraram a saúde, a qualidade de vida e os hábitos de consumo de álcool de 70.551 homens e mulheres daquele país durante cinco anos.
No estudo sueco, constatou-se que os homens ingeriam mais bebidas alcoólicas e apresentaram uma glicemia maior em comparação às mulheres. No entanto, foi somente nelas que os cientistas notaram a relação entre um consumo alto e uma quantidade maior de açúcar no sangue após os 40 anos.
Já no estudo dinamarquês, a associação entre álcool e aparecimento de diabetes aumentou 83% nas mulheres que bebiam com frequência. Ao longo da investigação que durou cinco anos, 859 homens e 887 mulheres desenvolveram diabetes. Aqui, o destaque negativo ficou com as bebidas destiladas, como é o caso do gin, que aumentaram a propensão à doença nas mulheres.
Ainda não se sabe por que o organismo feminino reage de maneira diferente aos drinques, mas alguns especialistas ligam o etanol à resistência insulínica porque favorece o acúmulo de gordura no fígado. Uma noitada por mês regada a quatro ou mais latinhas de cerveja com 5 a 6% de teor alcoólico, por exemplo, já extrapolaria o limite mensal observado, que fica na casa dos 48 gramas de etanol. Porém, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), as pessoas deveriam evitar ingerir mais de 30 gramas de álcool por dia.
Assim como no estudo dos EUA, os cientistas suecos e dinamarqueses também sugerem a adoção de bons hábitos, como seguir uma dieta saudável e praticar atividade física regularmente.
Fonte: O Globo