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Sempre que publicamos algum artigo sobre os malefícios do cigarro, não é difícil alguém comentar que fuma há tempos e nunca teve qualquer tipo de problema com isso. Há também os que apresentam reportagens com pessoas de hábitos politicamente incorretos que vivem há quase 100 anos.
Tanto num caso como no outro, a sensação que fica é a de que os alertas acerca dos perigos do fumo são invencionices alarmantes, que não devem ser levadas a sério.
Para os que acreditam que cigarro não faz mal, a resposta pode estar na genética. Segundo um novo estudo realizado na Inglaterra algumas partes do DNA podem reduzir o risco da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), a mais frequente entre os fumantes.
Ou seja, se uma pessoa possui este gene “do bem” pode fumar a vida inteira que não terá nenhum problema com a doença – mas apenas com ela. Os riscos de câncer e outras doenças pulmonares continuam presentes. Ainda assim, a novidade vai ajudar na criação de novos remédios que melhoram as funções pulmonares.
Os genes parecem afetar o modo como os pulmões respondem a lesões, o que explica o porquê de algumas pessoas que nunca encostaram em um cigarro também sofrerem com as complicações. Liderada pelos Professors Ian Hall e Martin Tobin, a pesquisa analisou mais de 50.000 pessoas, entre fumantes e não-fumantes.
Tobin explicou ao jornal The Guardian que “fumar é o maior fator de risco relacionado ao estilo de vida para a DPOC, mas nem todos fumantes desenvolvem a doença”. Os que desenvolvem apresentam sintomas como tosse, falta de ar, infecções, bronquite e enfisema.
Parece injusto que alguém que nunca fumou na vida desenvolva uma doença pulmonar, enquanto quem fuma sem parar passe nem nenhuma consequência. Mas não é bem assim que o nosso corpo funciona, então esta descoberta não seria um sinal verde para o tabagismo.
Fumantes que possuem os genes “do bem” têm pulmões menos saudáveis do que os que deveriam ter, caso não fumassem. Eles podem escapar de males como a DPOC, mas podem não ter tanta sorte com as outras doenças causadas pelo consumo de tabaco e derivados – lembrando que são mais de 50. Por isso, não importa qual seja a carga genética: não fumar sempre será a alternativa mais saudável – e menos arriscada.
Fonte: Artigo publicado em The Lancet Respiratory Medicine