Tempo de leitura: 3 minutos
Já ouviu falar de 25B-NBOMe ou Pandora? 2C-B? Metilona? 6-APB? Mefedrona? Flobromazolam? Spice ou K2? Pois é, estes são alguns exemplos de substâncias psicoativas sintetizadas em laboratório, algumas das drogas sintéticas que tem em sua composição a anfetamina e cujos princípios ativos não são encontrados na natureza.
Na próxima década estas, e muitas outras drogas criadas em laboratório, serão a coqueluche das drogas, assim como foi o LSD nos anos 60 e a cocaína nos anos 80. Para termos uma ideia da avalanche no mercado das “drugs designer” (como foram apelidadas) no Brasil a lista de drogas proibidas pela Anvisa é de somente 93 substâncias e, segundo a ONU, a cada 3 dias surge uma nova droga produzida em laboratório – sendo que em 2013 foram catalogadas 348 NSP ( novas substâncias psicoativas).
O perfil do usuário é outro. Por ser uma droga cara, no mínimo 40 reais cada comprimido, este tipo de substância bate às portas das classes média e alta. São geralmente universitários, inseridos no mercado de trabalho, produtivos em uma sociedade civil organizada. São consumidas em um contexto predominantemente recreativo, onde a música e o cenário contribuem para a “viagem” e o bem-estar do indivíduo, alterando o seu estado de consciência.
Os efeitos destas drogas são os mais diversos. Muito depende de como é administrada e em qual forma é consumida (comprimidos, injeção, papel ou pó). Elas estimulam o Sistema Nervoso Central, causam uma aceleração do batimento cardíaco, sudorese, náuseas, calafrios e com o uso frequente podem causar danos na atenção, na memória, no fígado. Passado a euforia, advém um processo depressivo do SNC podendo levar ao coma e induzir ao suicídio. Com o advento da internet, a aquisição destas substâncias tornou-se muito fácil, bastando fazer o pedido nos sites disponíveis. O produto é entregue na própria residência, muitas vezes etiquetados como sais aromáticos, de banho ou enfeites.
Este novo tipo de conceito de droga é um soco no estômago na atual política repressiva sobre drogas. A descentralização de um estereótipo de traficante truculento, mafioso, que se desfaz com a possibilidade de qualquer “nerd” em química ser capaz de inventar algo novo e extremamente potente de um momento para o outro, como é o caso da série “Breaking Bad”.
O ordenamento legal em qualquer esfera não consegue dar conta deste novo quadro de substâncias, que, até a realização de estudos e testes para serem classificados como drogas, ainda são consideradas legais. Nestes casos, se faz necessário e urgente, como forma de enfrentamento a esta nova escalada de drogas, medidas e investimentos em informação e prevenção, pois o conhecimento é a melhor forma de combatermos esta nova realidade.
PITI HAUER é advogado com formação pela UFPr e habilitação específica em Ciências Penais, especializando-se em Dependência Química na UNIFESP. Membro do Conselho Estadual de Políticas Públicas sobre Drogas no Paraná (2014-2015), Colunista do Paraná Portal – “Vamos falar sobre Drogas?”, e com Curso de Extensão ao Crack: Tratamento e Políticas Públicas pela UNIAD.