Limpar a casa é tão perigoso quanto fumar

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Estudo publicado no  Journal Of Respiratory And Critical Care Medicine concluiu que limpar a casa, ou qualquer outro ambiente que exija o uso de produtos líquidos, pode ser muito prejudicial à saúde respiratória das mulheres que limpam regularmente a casa ou que trabalham no ramo.

Realizada com pessoas que tinham em média 34 anos quando se iniciou a observação, a pesquisa avaliou os pulmões de mais de 6.200 pessoas em duas ocasiões separadas por 20 anos. Os participantes – 1363 eram homens, contra 2808 mulheres – tinham que responder se usavam produtos químicos no processo de limpeza e com qual frequência.

Do sexo masculino, 1500 participantes do disseram nunca ter feito uso dos tais produtos. Apenas 197 mulheres não faziam ou fizeram uso.

Os resultados apontaram que as mulheres que se utilizavam desses produtos em suas tarefas de limpeza/faxina, possuíam um declínio acelerado pulmonar equivalente ao consumo diário de 20 cigarros (em 10 ou 20 anos) em comparação às que não fazem faxina doméstica.

Segundo os autores, este desgaste pulmonar possivelmente decorre do uso de produtos químicos, como a lixivia e o amoníaco. Ambos contêm propriedades capaz de irritar as membranas mucosas que cobrem as vias aéreas, o que, com o tempo, resulta em alterações permanentes.

Cecile Svanes, da Universidade de Bergen, na Noruega, e uma das autoras da pesquisa, explicou que “enquanto os efeitos em curto prazo dos químicos de limpeza na asma estão cada vez mais documentados, faltava-nos conhecimento sobre o impacto a longo prazo”. Ela e seus companheiros de estudo desconfiaram que tais produtos químicos, ao danificarem um pouco as vias respiratórias, “dia após dia, ano após ano, pudessem acelerar a taxa de declínio da função pulmonar que ocorre com a idade”.

E, ainda segundo a pesquisa, quase não há diferença entre os produtos líquidos e pulverizadores quando se trata de causar impacto na saúde pulmonar. Cecile revelou que muitos destes agentes químicos são desnecessários e os órgãos regulatórios de saúde pública deveriam desencorajar os fabricantes a produzirem produtos que possam ser inalados. Como solução, os cientistas orientam manter a casa sempre ventilada e substituir os produtos em spray por similares líquidos.

Mas a grande curiosidade revelada por esta pesquisa é que os homens expostos ao processo, que executavam as mesmas tarefas e pelo mesmo período, não demonstraram alterações significativas. Os cientistas acreditam que isso acontece pelo fato dos pulmões masculinos serem menos suscetíveis ao impacto dos produtos.

Estudos anteriores já mostraram que os pulmões dos homens são mais resistentes aos danos provocados por vários agentes irritantes. Mas desinfetantes hospitalares, por exemplo, já foram ligados a doenças respiratórias masculinas. Um estudo apresentado em setembro de 2017 no Congresso da Sociedade Respiratória Europeia mostrou que o uso semanal do produto por enfermeiros resultou em um aumento de 22% da chance de se desenvolver a doença pulmonar obstrutiva crônica, que não tem cura e está relacionada principalmente ao tabagismo.

 

Fonte: Pensar Contemporâneo