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Já mostramos aqui um estudo afirmando que deixar de ingerir bebidas alcoólicas durante quatro semanas traz benefícios mensuráveis para a saúde – após um mês sem álcool, os voluntários tiveram uma redução da fibrose do fígado.
Esta é a parte do corpo que mais sofre com a bebida alcoólica. De pouco em pouco, o álcool leva o órgão a ficar inflamado e processar mal as gorduras – o que pode acabar na conhecida cirrose.
Maior glândula do organismo, com seus 8 a 10 centímetros de largura, o fígado está no centro de uma série de processos vitais que os próprios cientistas admitem desconhecer.
Eles sabem, por exemplo, que associar estados de embriaguez ou de ressaca ao fígado é crendice. Na realidade os sintomas se devem aos efeitos do álcool sobre o cérebro e o restante do aparelho digestivo. Então você vai dizer: “mas os remédios para fígado fazem bem”. É verdade. Mas isso porque eles não atuam sobre o fígado, e sim, em verdade, facilitam a digestão.
Os cientistas também ainda não entendem completamente como a Doença Hepática Alcoólica se desenvolve.
Mas eles já sabem, pelo menos, como prevenir e tratar os danos causados pela bebida através de uma espécie de ‘reprogramação’ do fígado.
Até então, a teoria mais aceita era de que o excesso de bebida alcoólica levava a uma queda nos níveis do antioxidante glutationa (GHS). Enquanto isso, radicais livres eram produzidos em excesso (o que é chamado de estresse oxidativo) e o fígado saía prejudicado.
Foi então que pesquisadores japoneses e americanos fizeram um experimento com ratinhos geneticamente modificados. Através de manipulação do DNA os animais a produziam só 15% da GHS encontrada no fígado de um rato normal. Depois, esses ratos passaram seis semanas consumindo álcool todos os dias. Obviamente, o estresse oxidativo aumentou.
Só que para a surpresa dos cientistas, ele passou a proteger em vez de piorar as condições de saúde dos ratinhos. Ou seja, os animais com GHS baixa tinham fígados mais resistentes à acumulação de gorduras (um processo chamado de esteatose, que é um dos principais sintomas da doença causada pelo álcool).
A análise do experimento mostrou uma ligação da GHS reduzida com a ativação da enzima AMPK, que ajuda a regular os gastos de energia (e a queima de gordura) do organismo. Agora, segundo os cientistas, o próximo passo é saber mais sobre a relação entre GHS, estresse oxidativo e gordura no fígado para criar medicamentos capazes de tratar a Doença Hepática Alcóolica e tentar diminuir os casos de cirrose e de morte causada pelo alcoolismo.
Fonte: Superinteressante