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Já vimos nesta matéria que, em Londres, o hábito de fumar na parte exterior de edifícios, ou nas famosas praças locais daquela capital, pode estar com os dias contados. Aliás, o Reino Unido parece ter declarado guerra direta ao fumo: é de lá que vem um novo estudo com mais argumentos para controlar o hábito também dentro de casa.
Segundo pesquisa realizada Universidade de Aberdeen e publicada no periódico “Tobacco Control”, da editora “British Medical Journal”, viver numa residência com fumantes equivale a viver numa grande e poluída cidade, como Pequim ou Londres.
O líder da pesquisa, Sean Semple, escreveu que “a fumaça do cigarro pode gerar altos níveis de partículas tóxicas em casa, muito maiores do que a experienciada do lado de fora de grandes cidades. Tornar uma casa livre de fumo é a forma mais eficiente de reduzir a quantidade de danos”.
Os pesquisadores analisaram os níveis das chamadas partículas finas (PM2.5) – presentes na fumaça da combustão de óleos ou de cigarros – no interior de 93 casas de fumantes e 17, de não fumantes, entre 2009 e 2013. A média de concentração de PM2.5 nas residências de fumantes era dez vezes maior do que a encontrada na de não fumantes. Além disso, não fumantes que viviam com fumantes tinham nível de exposição ao PM2.5 três vezes maior do que os limites recomendados pela Organização Mundial de Saúde (10 µg/m3). Cerca de um quatro das casas tinha uma média de concentração de 111 µg/m3, mais de 11 vezes o recomendado pela OMS. Muitos fumantes passivos que viviam em casas de fumantes inalavam, segundo o estudo, quantidades similares de PM2.5 a que estão expostos habitantes de grandes cidades com altos níveis de poluição do ar.
Os pesquisadores também estimaram que a massa total de PM2.5 inalada durante um período de 80 anos para quem vive numa residência sem fumo era de 0,76g, comparada com a de uma pessoa que vivia numa casa com tabaco, de 5,82g. Não fumantes que vivem em famílias de fumantes experimentariam uma redução de 70% de PM2.5 inalado se sua casa fosse livre do cigarro, e a redução é especialmente importante para as crianças e idosos.
O fumo em edifícios públicos, restaurantes e bares vem sofrendo restrições cada vez mais intensas pelos governos, mas no âmbito privado resta o bom senso de seus moradores para negociar áreas livres da fumaça do cigarro, sugerem os pesquisadores.
Fonte: O Globo