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Para escrever seu livro Hipnotizados — O que os nossos filhos fazem na internet e o que a internet faz com eles, da Editora Objetiva, a jornalista Brenda Fucuta conversou com dezenas de especialistas em tecnologia, comportamento, direito e psicologia, além de pais, mães e adolescentes, para tratar de questões como nudes, selfies, machismo, violência nas redes e limites. E concluiu que não há dúvidas de que os pais precisam ser guias de seus filhos nessa jornada.
Em entrevista ao jornal O Globo, Brenda explica que “o jovem está usando a tecnologia para fazer aquilo que todo adolescente sempre fez: sair da proteção dos pais e ir em busca do seu próprio caminho”. E lembra que cada geração tem a sua “babá eletrônica”. Quando a TV surgiu, por exemplo, os pais ficaram tão assustados quanto estão os de agora, com o avanço da internet.
Da mesma forma que a TV conquistou seu espaço, tablets e smartphones também o fizeram, com as devidas consequências boas e más, como a nomofobia – o pavor de estar sem o telefone celular disponível –, assim como o “boom” da miopia, que pode ser creditado à falta de exposição solar, e a questão do sono, já que os aparelhos eletrônicos estimulam o adolescente dormir menos, e isso afeta a saúde física e mental.
Não por acaso, o vício em internet já foi comparado ao abuso de drogas e álcool.
Para evitar o pior, Brenda sugere que os pais se informem mais, usem mais as tecnologias, e tragam para a conversa de família os assuntos debatidos nas redes sociais, por exemplo. E lembra que existe “uma questão pessoal, cada família trata de um jeito, mas eu acho que o adolescente precisa de certo espaço para viver suas experiências e errar”.
“Os pais precisam confiar em si mesmos e atuar para passar os valores que acreditam ser adequados”, diz a autora.
Mas existem casos em que os pais parecem ser incapazes de regular o uso da internet. Como é o caso dos pais chineses, principalmente quando o assunto é jogos on-line.
Isso porque as crianças da China, assim como as outras do mundo inteiro, dedicam horas aos jogos digitais. O entusiasmo delas transformou o país no maior mercado de jogos do planeta. Como o governo de Xi Jinping exerce controle sobre tudo, do discurso político à internet (foi o primeiro país a reconhecer o vício na rede como problema mental e criou centros de detenção para combater a doença) , através de seu Ministério da Educação a China encabeça um plano para reduzir o número de jogos on-line no país e limitar a quantidade de tempo que as crianças passam jogando.
Oficialmente, as diretrizes sobre jogos lançadas pelo governo fazem parte de um plano amplo para abordar a crescente incidência de miopia entre crianças. Entretanto, a medida soa tanto como uma admissão do vício generalizado em jogos quanto como uma afirmação de objetivos políticos. O Ministério incentivou os pais a mandar os filhos brincarem fora de casa – sem aparelhos eletrônicos.
Fonte: O Globo