A “mendigata” e o tíner, um caso de morte

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A mídia tem chamado a atenção para o caso da jovem Jéssica Pinto da Luz, de 22 anos, tema de uma reportagem do jornal O Globo. Capixaba, Jéssica mora nas ruas de Niterói, no Rio de Janeiro, e chama a atenção dos pedestres que a apelidaram de “mendigata” e “Gisele Bündchen”.

Segundo o jornal, a jovem é viciada em tíner e, por causa do vício, perdeu a guarda da filha mais velha, em 2009. Agora, diz que luta para que o mesmo não aconteça à caçula, de 1 ano e 1 mês, que ficou com a irmã dela em Sorocaba (SP), onde morava, antes de ir para o Rio tentar um emprego.

Logo em seguida à publicação da matéria, a jovem recebeu inúmeras propostas de ajuda, entre elas a oportunidade se tratar em uma das principais clínicas de reabilitação do país, no interior de São Paulo. O convite foi feito por uma emissora de TV, que custeou as despesas aéreas e médicas de Jéssica e, agora, também irá arcar com os custos do retorno da jovem à Niterói, pois ela decidiu em definitivo que não daria continuidade ao tratamento.

A palavra solvente significa substância capaz de dissolver coisas e inalantes, é toda substância que pode ser inalada, isto é, introduzida no organismo através da aspiração pelo nariz ou boca. Via de regra todo o solvente é uma substância altamente volátil, isto é, se evapora muito facilmente sendo daí que podem ser facilmente inaladas.

Outra característica dos solventes ou inalantes é que muitos dele (mas não todos) são inflamáveis, isto é, pegam fogo facilmente.

Um número enorme de produtos comerciais, como esmaltes, colas, tintas, tíners, propelentes, gasolina, removedores, vernizes, etc, contém estes solventes. Alguns deles são produtos legais vendidos normalmente no comércio, pois têm suas aplicações originais não ligadas ao uso entorpecente, mas por causa de suas propriedades acabam sendo usados como drogas e podem ser aspirados tanto involuntariamente (por exemplo, trabalhadores de indústrias de sapatos ou de oficinas de pintura, o dia inteiro expostos ao ar contaminado por estas substâncias) quanto voluntariamente (por exemplo, a criança de rua que cheira cola de sapateiro; o menino que cheira em casa acetona ou esmalte, ou o estudante que cheira o corretivo, etc).

Os efeitos do tíner sobre o organismo são devastadores. Quem cheira o removedor de tintas pode até morrer. Há casos em que crianças e adolescentes têm síncopes cardíacas e convulsões. As pessoas entram em coma e podem chegar à morte. Em longo prazo o uso do tíner pode causar leve retardo, perda da capacidade de memória e dificuldade de concentração.

Miguel Dilarri Filho, pedagogo, terapeuta e um dos sócios da clínica Huxley, local que há 14 anos oferece atendimento especializado de recuperação para usuários de drogas, e para onde Jessica havia sido enviada, explica que o tíner tem um “efeito de dependência tão devastador quanto o de drogas pesadas” e lamentou a decisão da “mendigata”: “Acho que ela está jogando fora uma grande chance de se recuperar e mudar de vida”.

Segundo um assistente da secretaria de Direitos Humanos e Assistência Social da prefeitura de Niterói, que prefere não se identificar, esta é a quarta vez que Jéssica desiste de realizar tratamento contra a dependência química.

 

Fontes: O Globo e Cebrid

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