A morte do fumo. Será que isso é possível?

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mostramos aqui que a história de conquistas do tabaco pode estar no fim, pois o cerco ao produto reduziu o consumo nos países ricos e será reforçado nos demais.

Stanton Glantz, pesquisador do assunto na Universidade da Califórnia em São Francisco, diz que o hábito nunca deve chegar a 0%, mas, pelo menos, deve cair a ponto de não ser mais uma preocupação de saúde pública. E alguns países já estão focados nesta queda.

É o caso da Nova Zelândia. Com uma das leis de controle de tabaco mais rígidas do mundo o país espera diminuir o fumo entre adultos para 5% até 2025. A Finlândia deve conseguir o mesmo até 2030, incluindo o uso de cigarros eletrônicos.

Já o Butão, país interior localizado no sul da Ásia, foi radical: em 2004 a venda de cigarros se tornou ilegal no país. Os moradores, porém, ainda podem cruzar as fronteiras com a China e Índia para comprar produtos com tabaco por lá (desde que observem os limites legais). Entretanto, antes mesmo da proibição a população fumante não passava de 10%. Credita-se ao budismo este baixo índice, já que a religião encoraja que seus praticantes mantenham a mente limpa para meditar.

O Brasil está entre um dos campeões de queda de volume de pessoas que consomem tabaco. Entre 1990 e 2015, o número de fumantes homens caiu de 29% para 12% e de mulheres de 19% para 8%. Isso porque as leis antifumo estaduais já existiam antes da lei nacional que proíbe o fumo em locais fechados ou parcialmente fechados, que entrou em vigor em 2014.

O hábito de fumar ganhou força com a chegada do cigarro produzido industrialmente. Em meados do século 20 foi registrado o pico do consumo, quando metade dos adultos dos EUA e do Reino Unido fumavam.

Neste mesmo período começaram as pesquisas acumulando evidências de que fumar causava doenças como câncer de pulmão, ataques cardíacos, derrames e outras patologias. Apesar da indústria do cigarro negar os resultados, a opinião pública foi se modificando sobre o assunto. E conforme os governos iam implantando normas e leis sobre produção, venda e uso do produto, as taxas de consumo passaram a cair lentamente.

Ainda assim, especialistas achavam que esta queda poderia estacionar por conta dos consumidores, que preferem aceitar os riscos à saúde a passar pelos sintomas da abstinência. Na Inglaterra acreditava-se que o índice nunca chegaria a menos que 25%, explica Martin Dockrell, do Departamento de Saúde Pública daquele país. Hoje apenas 16% dos adultos ingleses fumam.

A queda mundial no número de fumantes tem inspirado debates entre especialistas em saúde pública, que tentam criar planos para o que é chamado de “fim da linha do cigarro” – o fim definitivo da produção e consumo do cigarro.

Mas será que isso é possível?

A proibição, por exemplo, não é bem vista. Para especialistas, a venda passaria do mercado legal para o mercado negro, sem a cobrança de impostos e sem os avisos sobre os riscos à saúde. Uma lei em debate no parlamento da Tasmânia, na Austrália, apresenta outra possibilidade: aumentar a idade para que uma pessoa possa comprar cigarros de forma gradativa, com o passar dos anos. Assim, as gerações mais novas ficariam impedidas de comprá-los.

Mas, para Glantz, a melhor alternativa é continuar aumentando os impostos e restringir a publicidade relacionada aos produtos. Mais adiante, proibir cenas de pessoas fumando em filmes e outras mídias – ou aumentar a idade da classificação indicativa por conta dessas cenas.

 

Fonte: NewScientist via HypeScience