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Na mitologia romana, Baco era o deus do vinho, das festas, do lazer, do prazer e da folia. Ao tornar-se adulto, Baco descobriu a forma de extrair o suco da uva e produzir o vinho. Ele também era considerado pelos romanos como um amante da paz e promotor da civilização.
Mas isso é mitologia, século 8 a.C.
Roma, século 21: advogada, 38 anos, primeira mulher a comandar a capital da Itália, Virginia Raggi teve ascensão meteórica desde que se tornou vereadora, em 2013, focando sua atuação em políticas escolares, ambientais e de trabalho.
Ela garantiu que reergueria em pouco tempo uma das principais cidades do mundo, combalida pela corrupção nos serviços públicos, o lixo que vinha tomando as ruas e os sucessivos escândalos políticos que culminaram na derrubada do governo anterior. Para isso, Raggi e o populista Movimento Cinco Estrelas (M5S) pregaram o lema “Roma renasce”. Eleita com ampla maioria eleitoral em junho de 2016, a jovem integrante da legenda antissistema e antipolíticos — que hoje é uma das maiores da Itália — surgiu como um sopro frente a anos de crises de gestão na capital. Mas, após um ano de governo, enfrenta uma queda livre e um choque de realidade com o poder: não conseguiu regularizar o descarte do lixo, sofre com queixas de todos os setores por suas ações e inações, passou a ser rejeitada pela grande maioria dos romanos e pode ver o fim de seu mandato com somente um ano no Monte Capitolino.
De quebra, encadeou políticas simbólicas, pouco eficazes ou só controversas, como derrubar a candidatura romana aos Jogos Olímpicos de 2024; proibir turistas de se sentarem em fontes; barrar ambulantes; defender o veto à entrada de refugiados; desmontar acampamentos de ciganos; e até acabar com falsos gladiadores no entorno de atrações como o Coliseu. Pela primeira vez em 140 anos diversas fontes espalhadas pela cidade que são usadas como bebedouros pelos moradores e turistas da região foram desativadas após a prefeitura decretar um racionamento por causa do alto consumo de água. A Itália tem enfrentado um dos verões mais quentes em 60 anos, e essas fontes são “um alívio” para as pessoas se refrescarem.
Agora o problema é com os comerciantes.
Através de decreto, a prefeita proibiu a venda e o consumo de qualquer tipo de bebida alcoólica em recipientes de vidro nas ruas e praças públicas da capital italiana num período que começa às 10 da noite e termina às 7 da manhã do dia seguinte. A partir da meia-noite, passa a valer a proibição da venda e do consumo de álcool em locais públicos em qualquer lugar dos 15 distritos de Roma. A prefeita também exige que sejam fixados avisos nas paredes dos estabelecimentos para avisar a população sobre os horários das vendas de bebidas.
Segundo Virginia, o objetivo da medida é “evitar episódios de incivilidade e violência relacionados com o consumo excessivo de álcool”. Ela também explicou como ficarão as punições para os comerciantes que forem pegos pela polícia local vendendo bebidas alcoólicas nos horários acima mencionados: eles podem pagar uma multa de até 280 euros. Já para os consumidores que forem flagrados cometendo tal ato, a multa fica em torno de 150 euros. De acordo com informações, o decreto, que entrou em vigor nesse último fim de semana, já começou a ‘apertar’ os comerciantes e consumidores, pois alguns já foram flagrados – e multados.
Roma é uma região popular no consumo de vinhos e cerveja. Ao jornal Corriere della Sera um comerciante explicou que as vendas de bebidas alcoólicas aumentam consideravelmente quando chega a madrugada. Com a nova lei, tudo pode mudar drasticamente.
Para sorte de Virginia, segundo a mitologia romana Baco era uma divindade benévola.
Fonte: Viagem & Turismo