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Não se sabe ao certo quem escreveu pela primeira vez a oração da serenidade. A origem do texto, em si, é um mistério.
Alguns pesquisadores dizem ter ela vindo dos antigos gregos; outros acham que ela saiu da pena de um poeta inglês anônimo; ainda outros afirmam ter sido ela escrita por um oficial da Marinha Americana. Ainda existem outros que vão mais longe, atribuindo sua autoria a antigos textos sânscritos, a Aristóteles, São Tomaz de Aquino, Santo Agostinho e Spinoza. Mas ninguém encontrou, realmente, o texto da oração entre os escritos dessas supostas fontes originais.
Em julho de 1964, A. A. Grapevine recebeu o recorte de um artigo publicado em Paris, no “Herald Tribune”, pelo correspondente daquele jornal em Koblenz, na Alemanha Ocidental, onde se lia que no saguão de um hotel com vista para o Rio Reno, em Koblenz, há uma tabuleta com estas palavras atribuídas a Friedrich Oetinger:
Deus dai-me a imparcialidade para aceitar as coisas que não posso modificar; a coragem para alterar as coisas que posso alterar; e a sabedoria para distinguir umas das outras. Mas em 1979 surgiram materiais capaz de jogar por terra a autenticidade da autoria da oração bem como acrescentava dúvidas sobre a origem da placa.
Em 1975, dentro de alguns volumes numa livraria de Nova Iorque, foi encontrado um belo cartão vindo de uma livraria da Inglaterra. Luxuosamente adornado, nele estava impresso a Oração do General e informava ter ela aparecido no Século XIV:
Deus Todo-Poderoso, Nosso Pai Celestial, dai-nos Serenidade para aceitar o que não deve ser modificado; coragem para modificar o que deve ser modificado, e sabedoria para distinguir uma coisa da outra, por Jesus Cristo, Nosso Senhor.
Todas essas pesquisas, desafios e mesmo mistérios perdem qualquer significado quando comparados com o fato de que a oração tornou-se profundamente enraizada no coração, na alma, na mente, no viver e na filosofia do grupo Alcoólicos Anônimos (A. A.), de modo que quase se poderia pensar que tal a oração se originou ali.
Na verdade, a oração adentrou o A.A. através de uma edição do jornal New York Herald Tribune, em sua sessão de obituários, onde se lia o texto: “Mãe – que Deus me conceda a serenidade para aceitar as coisas que não posso mudar, coragem para mudar aquelas que posso e sabedoria para conhecer a diferença. Adeus”.
Anos mais tarde, Ruth Hock, a primeira secretária não alcoólica de A.A., lembrou: ”Jack C. apareceu um dia no escritório da Rua Versey, 30, Manhattan, para conversar um pouco e, enquanto estávamos falando me mostrou o obituário com a Oração da Serenidade. Fiquei tão impressionada com o texto quanto ele e lhe pedi para deixar o jornal comigo para copiá-lo e incluí-lo nas cartas que enviamos para grupos e solitários…”.
A ideia de imprimi-la em cartões partiu de outro membro, Horace C., e ele próprio cobriu as despesas com a primeira tiragem.
Todos os membros locais, incluindo Bill W., perceberam imediatamente a relevância daquela oração. Bill escreveu em seu livro A.A. Atinge a Maioridade: “nunca tínhamos visto tanto de A.A. em tão poucas palavras”. Em 2 de junho de 1941, Ruth escreveu uma carta para Henry S., um membro de Washington, D.C. e gráfico de profissão, dizendo: “um dos companheiros daqui nos trouxe um recorte de um jornal local e gostou tanto que me pediu para lhe perguntar quanto custaria para imprimi-lo em uma pequena cartolina, semelhante a um cartão de visita, para poder ser levado na carteira… aqui está o texto… agradeceria que você me respondesse o quanto antes possível”. Henry, entusiasmado, respondeu imediatamente: “… os cartões estão a caminho; parabenize o companheiro que descobriu o texto no jornal. Não me lembro de ter visto qualquer frase com tanto impacto e, durante o dia mostrei-a aos AAs que passaram por aqui e todos me pediram cópias. Estou enviando 500 cartões, já que não me disseram quantos queriam. Se vocês quiserem mais, por favor, me avisem. Claro que não cobrarei nada por fazer uma coisa deste tipo”.
Ainda no livro A.A. Atinge a Maioridade, Bill W. escreveu: “ninguém pode dizer com segurança quem primeiro escreveu a Oração da Serenidade… e Jack Alexander, que em certa ocasião pesquisou a respeito, atribuiu-a ao Rev. Reinhold Niebuhr, do Seminário Teológico União. De qualquer maneira, temos a oração que é repetida milhares de vezes diariamente. Consideramos que seu autor está entre nossos maiores benfeitores”.
Na Irmandade de A.A., ao redor do mundo, a Oração da Serenidade tem sido um elemento chave. Seja qual for a sua origem, nenhuma outra citação ou conceito – ao mesmo tempo prático e espiritual –, se apoderou da mente e do coração de todo membro de A.A. que empreendeu a viagem rumo à sobriedade e o renascimento, quanto a Oração da Serenidade.
Fonte: Junaab