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É frustrante quando alguém de suas relações (parente ou amigo) está tomando decisões de saúde ruins. Como fumar, por exemplo.
Não tem problema pedir ao fumante para não acender o cigarro em um lugar fechado (ou deixar de convidá-lo para sair). Se as más decisões de saúde de alguém podem te afetar, você tem todo o direito de se proteger e, até mesmo, de conversar com esta pessoa sem parecer “politicamente correta”. E chata. Veja como.
Para especialistas no assunto, como Shankar Vedantam, correspondente de ciência social da NPR, as mensagens de saúde de todos os tipos podem sair pela culatra, especialmente se a pessoa que você está tentando convencer faz parte de um grupo muito unido (como os fumantes). Enfrentar críticas que eles veem como padrão pode levá-los a rejeitar o conselho tradicional mais fortemente, e buscar consolo na câmara de eco do seu grupo. Estudos mostram que isso tem relação, entre outras coisas, com nosso desejo evolutivo de permanecer em grupo.
Mensagens duras ocasionalmente funcionam, mas isso depende mais da pessoa do que da mensagem. Mas aí é que está: essas mensagens já existem. Você não é a primeira pessoa a sugerir que alguém pare de fumar. Eles já ouviram a mensagem e não funcionou.
Uma vez que você já desistiu de envergonhá-los, a próxima tática lógica deveria ser consertar a desinformação que levou seu amigo a acreditar em algo prejudicial. Infelizmente, isso também não funciona.
Batizado de modelo de déficit, essa abordagem assume que só está faltando algum conhecimento. Você preenche a lacuna, faz-se a luz na mente do seu amigo e fim da história. Mas os seres humanos se apegam a crenças com sentimentos. Temos um viés de confirmação – nós memorizamos e acreditamos em coisas que se encaixam com o que já entendemos e rejeitamos o resto como falho ou sem importância.
Especialistas em saúde pública debatem quais os melhores caminhos para alcançar as pessoas com problemas de saúde, mas uma ideia que parece se destacar é enquadrar as mudanças de comportamento em termos dos benefícios que elas oferecem.
Por exemplo, alguém que deixa de fumar imediatamente começa a sentir os benefícios: em poucos minutos, a pressão arterial cai; em poucos meses, seus pulmões funcionam melhor. Comer bem e fazer exercício melhora marcadores da saúde do coração, bem como fatores psicológicos como autoestima, mesmo sem perda de peso. Se você quiser ajudar amigos ou estranhos, tente focar em benefícios.
Enquanto isso, não tire conclusões sobre a motivação da pessoa. Todos os fumantes não são iguais, por exemplo. Ajudá-los a entender como cigarros prejudicam, é uma tática muito melhor do que a vergonha ou a sobrecarga de informações.
Perguntar à pessoa sobre suas motivações pode ser uma ótima maneira de abordar o tema, desde que suas perguntas sejam respeitosas. Esta abordagem tem duas vantagens: você começa a descobrir qual problema eles estão realmente tentando resolver, e por quê; e, por vezes, a pessoa pode perceber sozinha que têm buracos em suas teorias.
Respeito é fundamental, não só porque ajuda as pessoas a confiarem em você, mas porque a vida é delas, não sua. Abaixo, algumas dicas da Sociedade Americana do Câncer sobre como ajudar um amigo para parar de fumar:
Respeite que o fumante está no comando. Esta mudança de estilo de vida e esse desafio são deles, não seus.
Pergunte à pessoa se ela quer que você pergunte regularmente como eles estão se saindo. Pergunte como eles estão se sentindo – e não apenas se eles não voltaram a fumar.
Deixe que a pessoa saiba que não há problema em falar com você sempre que ela precisar ouvir palavras de incentivo.
Mesmo alguém que conhece os fatos e quer mudar pode não dar os primeiros passos imediatamente. Vencer um vício (ou mesmo um mau hábito) é uma tarefa complicada e difícil. Se você nunca passou por isso, pode não perceber o quanto de esforço mental isso requer – e mesmo se você já esteve nesse papel, é fácil de esquecer.
Além do mais, a força de vontade é um recurso finito. Um viciado em fast-food pode voltar a parar no McDonalds porque ele realmente não teve tempo de preparar um almoço saudável, não tem o conhecimento para fazer algo gostoso ou a antecipação de fazer supermercado alguns dias atrás. Eles dedicaram seu esforço a outras coisas em sua vida que precisavam de atenção mais urgente. Se alguém está passando por um momento estressante, ele é menos propenso a ser bem sucedido em fazer uma grande mudança de estilo de vida.
Se pedirem sua ajuda, você pode ajudá-los a elaborar sistemas para lidar com as decisões que precisam tomar (por exemplo, compartilhar receitas e dicas de economia de tempo com o viciado em fast-food; distrair o fumante quando ele sentir vontade de acender um cigarro).
Convencer alguém é difícil, mas é uma habilidade que você pode aprender. Nenhuma tática tem eficácia garantida, mas respeitar a outra pessoa e ajudar ao invés de envergonhá-la te dá chances melhores de convencê-la a ser mais saudável.
Fonte: Life Hackers