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O Dia Nacional de Combate ao Fumo, comemorado em 29 de agosto, tem como objetivo reforçar as ações nacionais de sensibilização e mobilização da população para os danos sociais, políticos, econômicos e ambientais causados pelo tabaco.
Criado em 1986, pela Lei Federal 7.488, o Dia Nacional de Combate ao Fumo inaugura a normatização voltada para o controle do tabagismo como problema de saúde coletivo, já que o fato de não fumar e não se expor à fumaça não nos deixa livres das toxinas, por exemplo.
Foi o que revelou uma pesquisa feita pela Universidade de Drexel e publicado na revista Science Advances mostrando que, apesar de todos esforços para evitar o contato com toxinas produzidas pelo cigarro — seja deixando de fumar, ou mesmo com a implementação de leis que proíbem a prática em locais públicos —, elas continuam mais presentes que nunca no cotidiano das pessoas a partir da associação com outras partículas, como moléculas de aerosol.
O chamado fumo de “terceira mão”, quando toxinas existentes se depositam em roupas ou outros objetos e ali permanecem, faz com que as substância entrem em circulação mesmo em lugares onde não há fumantes. E a associação delas com o aerosol aumentou potencialmente a disseminação de substâncias tóxicas.
Para monitorar a circulação das toxinas, os cientistas observaram uma sala para não fumantes e compararam o ar externo com aquele circulado internamente. Nesse processo, os pesquisadores mediram os níveis de toxinas durante algumas semanas.
Depois, os pesquisadores passaram a investigar como ocorria a transferência de substâncias tóxicas para o interior da sala por meio da simulação em laboratório da exposição ao fumo de terceira mão. Primeiro, bombearam fumaça de cigarro em um container, a fim de que as substâncias tóxicas fossem depositadas no local. Depois, bombearam a fumaça residual para fora do container e, em seguida, puxaram o ar externo para dentro do repositório a fim de eliminar qualquer fumaça.
No dia seguinte, o ar filtrado havia circulado através do container e sua composição foi comparada com o ar externo que não passou pelo recipiente. Com esse experimento, os cientistas identificaram um aumento de 13% nas espécies químicas de fumaça no ar que circulou pelo container “infectado”, o que demonstrou que, embora a fumaça tivesse desaparecido, ainda havia resíduo químico no local.
Os pesquisadores identificaram que quando as substâncias tóxicas do cigarro estão em forma gasosa e são expostos a aerosóis líquidos, podem se concentrar em partículas. Para que os químicos produzidos pela fumaça do cigarro e depositados sobre superfícies como roupas ou mobília voltem ao estado gasoso, basta entrarem em contato com compostos como amônia, que são emitidos na respiração e encontrados em ambientes como banheiro.
Além da saúde, o tabaco também gera problemas ligados à economia.
Já mostramos aqui que o Brasil tem um prejuízo anual em torno de R$ 56,9 bilhões apenas com o tabagismo. Desse total, R$ 39,4 bilhões são gastos com despesas médicas e R$ 17,5 bilhões com custos indiretos ligados à perda de produtividade, causada por incapacitação de trabalhadores ou morte prematura.
No Japão, onde, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 21,7% dos japoneses adultos são fumantes – a maioria homens de idade mais avançada –, as empresas do país estão se movimentando para diminuir o número de fumantes. Uma delas, a Lawson Inc, franquia de lojas de conveniência de 24 horas, proibiu os funcionários de fumarem no escritório da sede e escritórios regionais. Já a empresa de marketing Piala Inc decidiu conceder seis dias a mais de folga por ano para funcionários não-fumantes, segundo o jornal The Telegraph. O benefício é para compensar o tempo que os fumantes passam fora do escritório, sobrecarregando os colegas não-fumantes: são 15 minutos para cada cigarro.
O custo com cigarro é tão alto que chega a gerar algumas situações absurdas. Por exemplo, segundo informação da polícia militar do Rio de Janeiro, alguns traficantes estão trocando a venda de entorpecentes pela de cigarro falsificado. De todo o cigarro que é vendido no Rio, calcula-se que 50% são contrabandeados.
Para o psicólogo Michael Zanchet, do spa Kurotel, tirar o tabagismo da vida de uma vez por todas é missão que exige disciplina e esforço. Ao jornal O Globo Zachet deu sete dicas para ajudar quem quer largar o vício no cigarro, que reproduzimos abaixo:
Estabelecer uma data:
Traçar metas, datas e prazos ajuda a planejar o tortuoso caminho para o abandono total do vício em nicotina. Comece tentando reduzir o consumo diário a cinco cigarros. Quando finalmente conseguir chegar a esse número, estabeleça uma data para se esforçar ao máximo em deixar o hábito por completo.
Criar um vínculo olfativo:
Modifique elementos dos ambientes da casa onde tenha costume de fumar e invista em fragrâncias e aromatizadores para estabelecer outro vínculo olfativo com o local. Com cheiros diferentes, tente passar mais tempo nesses espaços para se acostumar com eles de outra forma.
Avisar as pessoas:
A compulsão por nicotina muitas vezes é comportamental e ambiental. Várias pessoas aproveitam o hábito de fumar para socializar também. Por isso, avise aos que compartilham da mesma prática que você está empenhado em se livrar da dependência. Pedir a compreensão da família e dos colegas é fundamental.
Evitar lembranças:
Retire todas as memórias do vício (isso inclui isqueiros e cinzeiros) do ambiente onde mora e trabalha. Deixe as roupas e o carro sempre limpos para evitar lembranças do cheiro.
Mudar de bebida:
Certos hábitos alimentares estão bastante relacionados ao cigarro. Beber café ou qualquer coisa alcoólica são alguns deles. Evite-os! Consuma muita água ou sucos no lugar.
Escovar os dentes:
Após as refeições, quando muita gente tem vontade de fumar, escove os dentes imediatamente. Um gosto bom na boca ajuda a afastar a lembrança do sabor (ruim) do cigarro.
Controlar o pensamento:
Nos momentos em que estiver com vontade de sucumbir a um trago, concentre-se por dez minutos. Foque na respiração e leve os pensamentos para situações de prazer que não tenham a ver com o tabaco, como um banho de mar ou cachoeira.
Fonte: O Globo