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No início deste ano, a Philip Morris – a maior fabricante de cigarros do mundo – publicou um comunicado por meio de anúncios publicitários na Inglaterra afirmando que brevemente abandonaria o negócio de cigarros.
A iniciativa fazia parte de uma estratégia global da empresa para informar a substituição dos cigarros tradicionais pelos eletrônicos, que são ‘menos nocivos’ e por isso uma ‘opção melhor’ ao consumidor. Na ocasião, a Organização Mundial da Saúde (OMS) torceu o nariz e condenou a PMI (Philip Morris International) e todos os fabricantes de cigarro a serem impedidos de anunciar seus produtos como métodos para abandono do tabagismo até que as empresas forneçam evidências científicas que apoiem a afirmação.
Agora, a mesma Philip Morris International, dona da marca Marlboro, L&M e Dallas, publicou um anúncio de quatro páginas no The Daily Mirror, um dos mais tradicionais tabloides britânicos, propondo um desafio de 30 dias para as pessoas deixarem de fumar.
O anúncio faz parte da campanha Hold My Light que conta também com um vídeo e um site onde os fumantes podem se inscrever para o desafio e obter informações para ajudá-los a largar o vício.
Novamente, porém, a iniciativa não foi bem recebida.
O Cancer Research UK acusou a PMI de hipocrisia por “estimular o abandono do vício no Reino Unido, enquanto continua promovendo cigarros em todo o mundo”. Para a instituição beneficente de pesquisa e conscientização sobre o câncer “a melhor maneira de a Philip Morris ajudar as pessoas a parar de fumar é parar de fabricar cigarros” que respondem pela maior parte da receita da Philip Morris. Ainda assim, a empresa declarou repetidamente uma visão de longo prazo para substituir as vendas de cigarros por outros produtos, como seu dispositivo de aquecimento de tabaco IQOS, que diz ser menos perigoso (o que, como sabemos, não é exatamente verdade).
Para Hazel Cheeseman, diretora de política da Action on Smoking and Health, grupo de pressão autônomo que busca divulgar os riscos associados ao tabagismo, se a Philip Morris levasse a sério o mundo livre do cigarro, “não desafiariam a legislação do tabaco em todo o mundo, mas apoiariam regulamentos que realmente ajudariam os fumantes a parar e impedir que as crianças comecem a fumar” – isso porque, no ano passado, a Agência Reuters publicou um relatório especial sobre os esforços da PMI para derrubar o tratado global de tabaco da OMS, que visa a reduzir o tabagismo em todo o mundo.
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Fonte: O Globo