Recreativo, moderado ou compulsivo?

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O Pornhub, um dos maiores sites de pornografia do mundo, revelou que em 2017 foram assistidas 4,6 bilhões de horas de pornografia on-line, respondendo por 12,5 vídeos para cada pessoa no planeta.

Já os dados levantados pelo Quantas Pesquisas e Estudos de Mercado a pedido do canal a cabo Sexy Hot para traçar um perfil de quem consome pornografia no país, mostra que no Brasil, há 22 milhões de pessoas que assumem consumir pornografia – 76% são homens e 24% são mulheres. A maior parte é jovem (58% têm menos de 35 anos), de classe média alta (49% pertencem à classe B) e está em um relacionamento sério (69% são casados ou estão namorando). Além disso, 49% do público concluiu o ensino médio e 40% tem curso superior.

Valerie Voon, neurocientista da Universidade de Cambridge especializada em vícios, estudou 19 usuários de pornografia compulsiva. No grupo, homens de 19 a 34 anos, tentaram e não conseguiram desvencilhar-se do hábito e perderam relacionamentos e empregos. Todos alimentaram o vício com pornografia on-line.

Um estudo semelhante realizado por pesquisadores da Universidade Laval, em Quebec, no Canadá, classificou usuários de pornografia em três categorias: usuário recreativo, moderado ou compulsivo. Descobriram que cerca de 12% dos usuários de sites de vídeos pornográficos poderiam ser considerados “compulsivos”. Um estudo anterior constatou que usuários compulsivos mostram em seu cérebro, os mesmos sinais de dependência como os viciados em álcool ou drogas.

Conheça os três tipos de usuários de pornografia:

Recreativo: Assistiram a uma média de 24 minutos por semana

Este grupo obteve baixa pontuação no quesito compulsividade, ainda que tenha demonstrado esforços para acessar à pornografia. Os usuários eram majoritariamente mulheres e pessoas que tinham relacionamento.

Moderado: Assistiram a uma média de 17 minutos por semana

Menos que o anterior, porém demonstraram certa angustia emocional ao assistir aos vídeos.

Compulsivo: Assistiram a uma média de 110 minutos por semana e o público foi majoritariamente de homens. O comportamento desse grupo pode ser resultado de sexualidade compulsiva, o que inclui evitar interações sexuais reais com um parceiro.

 

Já a pesquisa Sexy Hot foi feita por telefone em 1.130 pontos de fluxo de consumidores de conteúdo com sexo explícito em cinco regiões metropolitanas: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador e Curitiba. Participaram homens e mulheres das classes A, B e C, todos com 18 anos ou mais.

Também houve participação de quatro especialistas (antropólogo, psicanalista, especialista em história do corpo e produtor) e foram criados grupos de discussão.

Entre as perguntas, “Por que o público consome pornô?”. A partir da resposta dos entrevistados, a conclusão foi que a pornografia é uma “pílula de estímulo” e “dá vazão a fantasias, desejos, frustrações e permite viver o prazer livre que hoje se concretiza em imagens”.

Chega uma hora, porém, que os vídeos corriqueiros não são mais suficientes. Assim como acontece aos usuários de drogas, a pessoa vai desenvolvendo uma tolerância e começa a precisar de mais para se satisfazer. E então começa a buscar coisas mais pesadas e ilegais, como cenas reais de estupro e pedofilia. Neste ponto, muitos decidem procurar ajuda.

Grupos de apoio para usuários compulsivos de pornografia já existem há algum tempo, mas agora surgem na internet grandes fóruns para discutir o tema e buscar soluções.

O psiquiatra Gary Wilson é o responsável pelo maior portal sobre o tema, o yourbrainonporn.com. Gary, que já fez uma palestra no TED sobre os efeitos da pornografia no cérebro, atribui à pornografia mudanças de etiqueta e estética antes restritos a atrizes pornô e que passaram a fazer parte do cotidiano, como depilações radicais, cirurgias íntimas e clareamento dos genitais. Ao mesmo tempo, diz ele, as pessoas estão começando a questionar “se é isso que elas querem para as suas vidas. Muitas chegam à conclusão de que pornografia demais é um atraso”.

Para identificar se o hábito é um vício ou não, pesquisadores da universidade Eötvös Loránd, na Hungria, criaram um questionário simples e rápido que sugere reflexão sobre o quanto a pornografia é importante no dia a dia dos internautas – e como se sentiriam caso fossem impedidos de assistirem aos vídeos. “Identificamos um ponto de corte ótimo para distinguir usuários considerados problemáticos dos que não são”, disseram os psicólogos, em um artigo de pesquisa.

A ideia é avaliar 17 afirmativas, de modo que a intensidade de cada uma delas seja classificada de acordo com estilo de vida do indivíduo: De  1 a 7, quando  1 = nunca, 2 = raramente, 3 = ocasionalmente, 4 = às vezes, 5 = muitas vezes, 6 = frequentemente  7 = o tempo todo.

Faça o teste e descubra se você é viciado em pornografia:

  1. Eu sinto que a pornografia é uma parte importante da minha vida
  2. Eu uso a pornografia para restaurar a tranquilidade dos meus sentimentos
  3. Eu acho que a pornografia causa problemas na minha vida sexual
  4. Eu sinto que eu tenho que assistir mais e mais pornografia para me satisfazer
  5. Eu já tentei, sem sucesso, reduzir a quantidade de pornografia que assisto
  6. Eu fico estressado quando alguma coisa me impede de assistir pornografia
  7. Eu penso sobre o quão bom seria assistir pornografia
  8. Assistir pornografia me ajuda a me livrar dos meus sentimentos negativos
  9. Assistir pornografia me impede de mostrar o que há de melhor em mim
  10. Sinto que preciso de mais e mais pornografia para satisfazer minhas necessidades
  11. Quando eu decido não assistir mais pornografia, eu só consigo fazer isso por um curto período de tempo
  12. Eu fico agitado quando não consigo ver pornografia
  13. Eu alivio minhas tensões vendo pornografia
  14. Eu não participo de outras atividades de lazer porque assisto pornografia
  15. Eu gradualmente comecei a assistir mais pornô extremo porque o pornô que eu assistia antes era menos satisfatório
  16. Eu resisto a assistir pornografia por apenas um pouco de tempo antes de ceder
  17. Eu sinto muita falta de ver pornografia quando fico um tempo sem assistir

Como calcular o resultado:

Se a somatória de suas respostas foi de 76 pontos ou mais, indica que você tem problemas com relação ao consumo de conteúdo adulto, ou seja, pode ser que você seja um viciado. O melhor a se fazer é buscar ajuda profissional para diagnosticar e tratar o problema.

Conforme os criadores do teste, a escala foi criada com base nos testes e respostas de 772 homens e mulheres que responderam à investigação. Desse total, 3,6% das pessoas estavam em grupo de risco.

 

Fonte: R7 Notícias