O uso precoce – e sempre inapropriado – de álcool

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Apesar de, historicamente, o maior consumo de álcool ser sempre atribuído aos homens, como já mostramos neste artigo, nos últimos anos as mulheres têm aumentado significativamente esse uso. E não só em relação à quantidade, mas também à frequência.

De acordo com um estudo global publicado pela BMJ Open, a diferença entre homens e mulheres com relação a esse comportamento tem diminuído cada vez mais.

O estudo analisou os hábitos de consumo de álcool de 4 milhões de pessoas durante um período de mais de um século, a partir da compilação de dados de 68 pesquisas internacionais publicadas entre 1891 e 2014. De acordo com os resultados, os homens nascidos entre 1891 e 1910 apresentaram risco 3 vezes maior de beber de forma nociva e sofrer consequências negativas relacionadas ao álcool do que as mulheres nascidas na mesma época. Essa relação de risco diminuiu para 1,2 vez entre aqueles nascidos de 1991 a 2000, ou seja, praticamente não houve diferença entre os gêneros.

Mas essa mudança de padrões tem ocorrido também entre as adolescentes.

Segundo relatório da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), entre estudantes com idade de 13 a 17 anos, mais de 20% das meninas e 28% dos meninos relataram já ter sofrido um episódio de embriaguez na vida.

Em 2016, uma Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) de 2015, realizada com 10.926 estudantes nessa mesma faixa etária, também apontou índices semelhantes de episódio desse tipo: 26,9% entre as meninas e 27,5% entre os meninos. Isso significa que pelo menos 1 em cada 4 estudantes brasileiras já se expôs a riscos importantes.

Outra população analisada pelo PeNSE foi a de alunos do 9º ano do ensino fundamental (entre 13 e 15 anos), também com dados preocupantes. Tanto a experimentação quanto o consumo atual de bebidas alcoólicas (nos 30 dias que antecederam a pesquisa) foram maiores entre as meninas: 56,1% versus 54,8% (experimentação) e 25,1% versus 22,5% (consumo atual).

Para os pesquisadores, uma das hipóteses é que, semelhante ao que ocorre com os meninos, as adolescentes querem ser aceitas socialmente e o álcool faz parte desse cenário, pois ajuda a desinibir. Além disso, as jovens associam o uso do álcool com o perfil de poder e independência da mulher moderna que, atualmente, ocupa cargos de destaque na sociedade.

Apesar de haver a equiparação socioeconômica entre os gêneros, é importante lembrar que fisiologicamente as mulheres são mais sensíveis aos efeitos do álcool.

Com relação aos jovens, as consequências frequentes do uso de álcool, em geral, são o blecaute alcoólico e a queda no desempenho escolar. Além disso, ainda podemos destacar o maior risco para sexo sem proteção, doenças sexualmente transmissíveis (DST) e gravidez indesejada.

Vale ressaltar ainda que a família tem papel fundamental na prevenção do uso de álcool na adolescência, seja de meninos ou meninas. Existem alguns sinais clássicos, como:

  • Problemas de comportamento
  • Queda no desempenho escolar
  • Falta de interesse em atividades que antes eram prazerosas
  • Irritabilidade

Ao nota-los, os pais devem intervir imediatamente. A melhor maneira de fazer isso, conforme já explicamos aqui, é conversar com os filhos de forma clara e tranquila sobre os prejuízos que o álcool pode causar, usando exemplos de situações reais.

Também faz parte da estratégia de prevenção trabalhar a autoestima dos filhos destacando suas qualidades. E, acima de tudo, mostrar parceria é o mais importante para que a medida tenha sucesso. Dar o exemplo, estar sempre aberto ao diálogo e ser amigo do seu filho, para que se estabeleça uma relação de confiança mútua – estes são passos importantíssimos para evitar o uso precoce – e sempre inapropriado – de álcool.

 

Fonte: Portal Minha Vida