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Entre os estereótipos alemães, um dos mais recorrentes é que a população da maior potência econômica da Europa ostenta com orgulho o título de campeã mundial no hábito de consumir cerveja, tanto no café da manhã quanto no almoço e no jantar.
Mas os tempos mudaram – e os costumes também.
Agora, as cerca de 1.300 cervejarias espalhadas por todo o país admitem que o ancestral costume alemão de beber cerveja a qualquer hora do dia começou a diminuir de maneira preocupante.
De acordo com as estatísticas, no começo dos anos 1990, cada alemão bebia em média 140 litros de cerveja por ano. Duas décadas depois, o consumo não passa de 100 litros anuais. Esta nova realidade obrigou as cervejarias a iniciarem uma feroz luta para venderem seu produto por intermédio de milionárias campanhas publicitárias e de ofertas populares nos supermercados.
Tudo em vão.
As pesquisas feitas pela Associação de Cervejarias da Alemanha revelaram que o consumo de álcool no país deixou de ser moda, e que a saúde é cada dia mais importante nos hábitos da população germânica. Pior ainda, os alemães desenvolveram um saudável hábito mediterrâneo: descobriram o prazer de beber vinho.
Aliás, estas são duas tendências mundiais: a queda no consumo de cerveja e o aumento no consumo de vinho.
Segundo dados levantados pela International Wine & Spirit Research (IWSR), o consumo mundial de cerveja caiu 1,8% de 2015 para 2016. De acordo com uma reportagem da revista The Economist, este recuo é atribuído quase que integralmente ao declínio de três dos cinco maiores mercados do mundo: Brasil, Rússia e China.
No caso de Brasil e Rússia, a conjuntura econômica explicaria esse resultado. A recessão econômica dos dois países atingiu em cheio o orçamento familiar dos trabalhadores. Os consumidores de cerveja, por causa da restrição de recursos, estariam mudando de hábito, bebendo menos. O consumo médio por adulto caiu na casa de 7% nos dois países.
Já no caso da China, é a população está ficando mais velha. Em geral, a cerveja é mais consumida pelos jovens. Ao se tornarem idosos, muitos consumidores chineses de bebidas alcoólicas estariam migrando para o consumo de… vinho, cada vez mais em alta por lá.
Na Alemanha acontece o inverso: as novas gerações bebem muito menos cerveja do que seus pais, e – algo estranho na capital mundial da cerveja –, preferem tomar vodca nas discotecas.
Já aqui no Brasil, no segundo trimestre deste ano, a Ambev, que domina boa parte do mercado de bebidas no país, diminuiu em 1,3% as vendas em volume de cerveja nos meses de abril a junho ante igual período do ano passado. A queda, segundo a companhia, foi menor que a da média da indústria de cerveja.
A fabricante de bebidas citou dados da Nielsen apontando que, no mesmo período, a totalidade das cervejarias encolheu volumes em 2,7%. Segundo o relatório da própria empresa, o resultado foi impactado pela desvalorização do real brasileiro e pela geração de caixa da operação (Ebitda).
A piora no mercado de cerveja contribuiu com a queda total de 4,7% nos volumes da totalidade das bebidas vendidas pela Ambev no segundo trimestre de 2017, ante igual período do ano passado. Nos meses de abril a junho, a empresa vendeu ao todo 22,979 milhões de hectolitros.
Fontes: The Economist & Estadão