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Em todo o mundo, as mortes causadas diretamente pelo uso de drogas lícitas e ilícitas aumentaram 60% entre 2000 e 2015, segundo o Relatório Mundial Sobre Drogas lançado pela Organização das Nações Unidas.
Em janeiro deste ano, a vocalista o grupo The Cranberries, Dolores O’Riordan, morreu afogada em uma banheira após intoxicação alcoólica. Segundo o laudo divulgado, havia no sangue de Dolores 330 mg de álcool para cada 100 ml de sangue, uma quantidade quatro vezes maior de álcool do que é permitido legalmente para dirigir (80 mg de álcool) em diversos países da Europa, incluindo Inglaterra, País de Gales e Irlanda do norte.
Logo no início de setembro, o rapper americano Mac Miller, de 26 anos, morreu após sofrer overdose, segundo a imprensa americana. Ex-namorado da cantora Ariana Grande, Mac Miller tinha histórico de uso de drogas e foi preso em maio deste ano por dirigir alcoolizado e fugir do local. Suas músicas falavam abertamente sobre drogas e morte, principalmente no álbum “Faces”, lançado em 2014.
Mas, nos Estados Unidos, não é apenas o álcool que fez a expectativa de vida cair pela segunda vez consecutiva.
De acordo com um estudo publicado no BMJ, anteriormente conhecido como British Medical Journal, feito a partir de dados oficiais, também estão nesta lista a epidemia de opioides e os suicídios.
Apesar de um novo plano do governo federal para combater a crise de opioides, ela hoje é considerada uma epidemia e mata mais de 64 mil americanos por ano. E esta nova atuação não alocou tantos recursos quanto o esperado para o setor. A morte associada ao álcool, como em acidentes de carros, continua alta, e o número de suicídios cresceu no país, segundo o estudo.
O levantamento aponta que este é um problema mais concentrado nos EUA, onde a queda da expectativa é maior entre homens brancos que moram em comunidades rurais do país – justamente o grupo que está sendo mais afetado pela atual crise de drogas entre os americanos. Nos anos 1960, a expectativa de vida no país era muito superior à média dos países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), que inclui as nações mais ricas do planeta, como os países europeus, Canadá e Japão. Em 1995, os Estados Unidos e as nações ricas tinham a mesma expectativa de vida média, mas hoje há uma diferença de quase dois anos: 78,6 anos nos EUA, contra 80,3 anos na OCDE.
O relatório informa ainda que o aumento da desigualdade nos EUA, o aumento da pobreza e as diferenças regionais explicam por que este fenômeno afeta mais homens, brancos e pessoas do interior. O aumento de suicídios no país é outro indicativo de problemas sociais que acabam afetando a saúde pública.
Este quadro, porém, pode se repetir no mundo todo já que em outros países, conforme o relatório da ONU, calmantes com tarja preta como os benzodiazepínicos também têm provocado mortes por overdoses, a circulação de drogas ilícitas, como a cocaína, está crescendo e o uso de drogas entre a geração mais velha (com 40 anos ou mais) tem aumentado a um ritmo mais rápido do que entre os mais jovens.
Fonte: G1