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O caso aconteceu em julho, no estado de Ohio (EUA). Um motorista foi abordado por um policial que tinha reparado que ele dirigia seu utilitário de forma irregular. De acordo com um registro divulgado pela polícia, foi feito contato com o motorista que, numa fala quase ininteligível, informou que estava levando a mulher desmaiada no banco do passageiro para o hospital.
O policial descreveu que a mulher estava “completamente inconsciente e ficando azul” e o motorista de repente ficou “completamente inconsciente”, diz o registro. Durante a conversa, foi encontrado um pedaço de papel amarelo com uma pequena quantidade de uma substância cor-de-rosa em pó, mais tarde identificado como sendo heroína. O policial notou a presença de um menino de 4 anos no banco de trás do carro e, então, decidiu acionar os paramédicos. Eles deram ao casal uma droga conhecida por reverter overdoses. Os dois recuperaram a consciência e foram levados a um hospital próximo para atendimento.
Mais tarde, o motorista foi identificado como James Acord, 47 anos. A mulher, Rhonda Pasek, de 50 anos, é sua namorada e avó do menino – e havia recebido a guarda dele seis semanas antes.
A heroína é hoje considerada como “a droga dos americanos brancos”, entrando aqui tanto os opiáceos sintéticos usados em tratamentos para a dor quanto a droga em estado natural, injetada nas veias.
O preço da droga caiu, as facilidades para a produção em laboratórios clandestinos aumentaram e o uso com receitas legítimas também deu um salto. Com isso, as mortes por overdose triplicaram entre 2010 e 2014, indo de 3036 para 10.574. O aumento é associado a mudanças socioeconômicas entre os americanos brancos mais pobres, afetados pelo desaparecimento dos empregos na indústria de manufaturados e a dissolução dos laços familiares tradicionais.
Rhonda Pasek, a avó viciada, estava criando o neto justamente devido à incapacidade do filho e da mulher dele, também irreversivelmente lesados. Rhonda foi condenada a seis meses de cadeia por colocar em risco a integridade física da criança.
O namorado dela, que dirigia o carro, pegou um ano por abuso infantil e intoxicação em público.
A guarda do menino foi transferida para uma tia-avó que afirmou à rede de TV americana NBC News que as autoridades “humilharam” a família. A imprensa também discutiu se a foto, que se tornou viral, deveria ou não ter sido divulgada.
A polícia disse que decidiu tornar pública a imagem do casal inconsciente dentro do carro para ilustrar os riscos do “veneno chamado heroína”.
Em outro estado dos EUA, Michigan, órgãos de segurança já haviam veiculado imagens de “zumbis do vício” vítimas do spice, droga sintética com efeito semelhante à maconha. No Brasil, também encontramos “zumbis” nas cracolândias.
Conforme bem alertou a jornalista Vilma Gryzinski, colunista da Veja, o poder da droga é quase absoluto. E é sobre esse “quase” que deveriam refletir “todas as pessoas que almejam a honestidade intelectual, tanto as que são a favor a liberação das drogas quanto as que se opõem a ela”.
“Os zumbis do vício continuam circulando”, escreveu Vilma. E “continuamos sem saber o que fazer com eles”.
Fontes: BBC Brasil e Veja.com via Vilma Gryzinski