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Morrer depois de cair das escadas da entrada do famoso monumento Taj Mahal, na Índia. Ser eletrocutado em trilho de trem. Cair do alto de um edifício.
Estas mortes, além de trágicas, tem um ponto em comum: aconteceram com pessoas que estavam fazendo selfies (ato de tirar uma foto de si mesmo). Nos últimos meses, as notícias sobre pessoas que morreram nessas circunstâncias têm se repetido com certa frequência. Para especialistas, isto seria o resultado da necessidade de megaexposição nas redes sociais. Não à toa, tirar selfies já é considerado um tipo de vício e, como tal, uma doença.
Querer aparecer demais é uma estratégia de enfrentamento adotada em busca da aprovação do outro. Não havendo o reconhecimento público, atingindo um grande número de ‘curtidas’ e obtendo uma boa quantidade de ‘comentários’, a pessoa pode desenvolver solidão, baixa autoestima, depressão e fobia social. Isso porque a pessoa que não atinge a quantidade de apoio esperado acaba optando por publicar uma nova ‘selfie’. Se a resposta continuar a ser negativa isso pode afetar a confiança ou criar pensamentos negativos sobre si mesmo.
A segurança e a autoestima são cruciais para o desenvolvimento do indivíduo, para alcançar a felicidade e a satisfação pessoal. Mas a carência causa ansiedade, dúvidas e a infelicidade, os quais podem derivar em problemas maiores como paranoia, depressão, comportamentos ciumentos e personalidade suscetível.
Transtornos de personalidade, como bipolaridade, também podem levar à megaexposição na internet.
Estes graves distúrbios psiquiátricos devido ao uso compulsivo do telefone celular ficaram popularmente conhecidos como “selficídio”. Segundo o psiquiatra Nand Kumar, os pacientes dependentes “sentem a necessidade de fazer uma pose na frente smartphone”, por isso “haviam desenvolvido uma doença conhecida como transtorno dismórfico corporal, que se trata de uma preocupação exagerada por algum defeito real ou imaginário encontrado no próprio corpo, e causa um distúrbio obsessivo compulsivo”.
Kumar trabalha no Instituto Médico de Nova Déli, na Índia, onde uma jovem de 18 anos perfeitamente saudável se apresentou no com uma “deformação no nariz”. Ela não tinha absolutamente nada de errado no nariz e foi encaminhada para o centro psiquiátrico, assim como mais dois pacientes. Outros três jovens foram transferidos para o Hospital com o mesmo sintoma: falavam de defeitos físicos não existiam.
De acordo com o jornal Mail Today, os especialistas acreditam que os sintomas desta doença são tão “silenciosos” que muitas pessoas que usam constantemente os celulares para tirar selfies não percebem que é este distúrbio que os deixam deprimidos e desorientados. Segundo a Associação de Psicologia norte-americana, cerca de 60% das mulheres que sofrem desta doença não sabem ou não percebem.
Para os psicólogos, mais importante do que o número de autorretratos publicados é a intenção da pessoa ao divulgá-los e como isso impacta sua vida. Segundo eles, além dos danos pessoais, as ‘selfies’ também podem ter impacto no crescimento de países em desenvolvimento. Isto porque a falta de confiança dos jovens pode criar uma nova geração sem liderança, de pessoas sem capacidade criativa e inovadora.
Fonte: Ansa via Veja