Dependência química e a teoria integral de Ken Wilber IV

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Olá pessoal, dando continuidade ao tema, abordaremos o quarto componente da teoria integral relacionado à dependência química: estados de consciência. Os primeiros componentes foram: quadrantes, níveis e linhas. Agora abordaremos estados e, por último, tipos.

Como já havia explicado, a Teoria Integral de Ken Wilber é uma abordagem bastante ampla e sintética que pretende reunir e integrar todo conhecimento humano produzido até hoje desde as tradições milenares, passando pelas escolas filosóficas modernas e contemporâneas, até a ciência produzida na atualidade. Trabalhamos com o Sistema Operacional Integral (SOI) ou AQAL (All Quadrants, All Levels) que sintetiza e integra todas as teorias formando os componentes citados acima.

Eu havia dito também que “estados” foi o componente que mais me entusiasmou ao aplicá-lo a dependência química. Ora, havemos de concordar, nós dependentes químicos, que algo que conhecemos e éramos fissurados literalmente, era por estados alterados de consciência! Entretanto isto nos causou uma série de prejuízos, de todas as ordens: físicos, emocionais, mentais, espirituais e sociais. Mas por quê?

Simplesmente porque temos uma pré-disposição orgânica que nos vulnerabiliza diante das drogas alteradoras de humor. Ao experimentarmos o álcool, a maconha, a cocaína, etc., nos tornamos dependentes desses químicos. Nosso corpo não assimila estas substâncias normalmente como a maioria das pessoas. Fazemos parte uma porcentagem da população que com o uso continuado de tais substâncias desenvolvem tolerância acima da média e compulsão desenfreada. Não se trata de um desejo consciente, mas de um imperativo biológico! Existem estudos que comprovam essa vulnerabilidade biológica, como todos sabem. A contraparte subjetiva desse imperativo biológico é justamente a busca por estados alterados de consciência de forma muito mais acentuada.

Existem estados naturais de consciência (vigília, sonho, sono profundo), estados fenomenológicos (triste/alegre, calmo/nervoso, pessimista/otimista) e estados alterados. Estes últimos podem ser divididos e endógenos e exógenos. Os endógenos são estados alterados que emergem do interior da pessoa, geralmente em estados meditativos, de contemplação, de oração. Os exógenos são experiências alteradoras de consciência que recebem influência externa, ou seja, podem ser induzidas por drogas, respiração, música, dança.

O dependente químico deve indispensavelmente substituir os estados alterados induzidos por drogas por estados alterados induzidos pela prática espiritual, para assim saciar seu desejo inconsciente de transcendência, que é inerente a qualquer ser humano, mas que se faz presente no dependente químico pela via destrutiva das drogas. Este é o mais importante passo que o dependente químico deve realizar em sua recuperação. De acordo com Carl Gustav Jung, o famoso psicanalista, a fórmula benéfica é: Spiritu versus Spiritum.

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guilhermeGUILHERME NOBREGA FRANCO nasceu em Bragança Paulista, SP. Em sua juventude teve experiências emocionais e existenciais que o levaram a uma profunda crise. Logo após desenvolveu dependência química. Já em recuperação, Guilherme desenvolveu uma teoria diferente no modo como vemos e tratamos desta doença e registrou tudo na autobiografia A viagem de volta – autobiografia de um dependente químico & modelo de tratamento alicerçado na abordagem integral de Ken Wilber. Estudioso da abordagem integral deste pensador, está limpo desde 2007 e nunca teve recaídas.