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É enfurecedor a maneira de vinculação da grande parte da mídia e na internet quando da recaída de um dependente químico e que é do circuito do Show Business (artistas em geral)… são urubus atrás de carniça!
A sociedade e a mídia vulgarizaram as drogas como sendo algo normal, mas o seu consumo e os efeitos dela não o são. As Políticas Públicas sobre Drogas, quer seja no âmbito Federal, Estadual ou Municipal são pífias e ridículas, além de serem lentas e emperradas por uma burocracia estúpida e ignorante. O conceito moralista, estigmatizante, repressivo e retrógrado ainda se sobrepõe à prevenção, à dignidade humana e a um tratamento acessível para todos os que sofrem da adicção.
Somente um em cada seis dependentes químicos consegue tratamento, de acordo com o UNODC (Escritório das Nações Unidas contra a Droga e o Delito). Na maioria, os que tem uma condição econômica boa e estável ou, ainda, muitas famílias que se unem, em forma de rateio, para custear um tratamento. Pouquíssimas vagas sociais estão disponíveis para aqueles que pouco ou nada tem a oferecer, além de suas vidas. É muito mais fácil encarcerá-los ou deixá-los à mercê do cimento urbano excludente do que oferecer tratamento, só não é mais econômico, pois a cada dólar investido em tratamento economiza-se outros 7 dólares gastos no sistema prisional (também segundo o UNODC). É dever do estado e um direito do cidadão o seu acesso à saúde, conforme até preconiza nossa Constituição em seu artigo 196 e complementado pela Lei 8080/90 em seu artigo 2º.
Mas, enquanto lemos, escutamos e visualizamos termos como “detido”, “levado preso na caçamba da Viatura” entre tantos outros, e a mídia prepara o terreno para um acesso ao tratamento do dependente químico midiático, onde surgirão várias clínicas oferecendo ajuda e o tal do tratamento – como se isso fosse o normal –, ainda persistem e sub-existem milhares de dependentes químicos que estão à mínguas nas ruas, em cracolândias e em lugares insalubres.
Mas, para esses, o descaso e a desconsideração prevalecem… e assim caminha a humanidade.
Identifico-me e me solidarizo com a dor e o sofrimento de todos os dependentes químicos. Incluindo os do Show Business!
PITI HAUER é advogado com formação pela UFPR e habilitação específica em Ciências Penais, especializando-se em Dependência Química na UNIFESP, 1º Vice-Presidente da FEPACT – Federação Paranaense das Comunidades Terapêuticas, Membro do Conselho Estadual de Políticas Públicas sobre Drogas no Paraná (2014-2015), Colunista do Paraná Portal – “Vamos falar sobre Drogas?”, colaborador do site “Para Entender a Dependência Química” e com Curso de Extensão ao Crack: Tratamento e Políticas Públicas pela UNIAD.